segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O eleitor indeciso



Com 20% do eleitorado indeciso a 15 dias das eleições, os candidatos a prefeito ainda tem muito chão a percorrer. É uma situação que instala esperanças e controla desesperos, mas faz também com que alguns insistentes caiam na real. Paradoxalmente, porque estão indecisos eles costumam decidir a eleição e, assim, se tornam a caça preferida do horário eleitoral gratuito e da propaganda de boca em boca, a famosa rádio peão.

Por natureza, o eleitor indeciso é o terror dos institutos de pesquisa, o dono absoluto de todas as margens de erro, o carrasco das manipulações eleitorais. Sem querer, ele se torna tão importante que todos querem saber onde ele está. Não é tão fácil encontrá-lo, porque geralmente se disfarça de rebelde e de descrente e quase sempre perdeu a fé na classe política e nos homens públicos em geral, preferindo se esconder.

Traçar um perfil do eleitor indeciso é praticamente impossível. Ele tanto pode ser um alienado, um dos analfabetos políticos de Berthold Brecht, como pode ser um eleitor consciente e cuidadoso, capaz de avaliar as propostas uma por uma antes de escolher em qual candidato vai votar. Mas pode ser também um vigarista no aguardo de quem lhe pague mais alto pelo voto. É certo, porém, que dificilmente o indeciso escolhe candidatos que acusam os adversário e, menos ainda, os que não conseguem responder claramente às acusações.

O eleitor indeciso pode ser aquele que elegeu seus próprios temas eleitorais, como moradia, saúde, educação, desemprego e ainda não achou candidato que lhe satisfizesse as aspirações. Mas pode ser também um precursor do voto ideológico que não está nem aí para o voto útil, a quem pouco interessa quem vai vencer ou perder a eleição. Esse é perigoso para os candidatos que estão mais bem colocados nas pesquisas.

O eleitor indeciso geralmente é aquele que não caiu no conto da transferência de votos, seja pela força da própria personalidade, seja porque está em busca de um candidato de personalidade forte, capaz de convencê-lo por si só, sem o auxílio de guarda-chuvas eleitorais.

No limiar das eleições, todo candidato quer namorar o eleitor indeciso, mas ele não quer ou finge que não quer namorar ninguém. Conquistar esse voto é o dilema de todo que disputa uma eleição, pois já gastou falas e discursos, pregou cartazes, exibiu out doors, deu milhares de entrevistas, pagou pesquisas falsas, participou de carreatas e caminhadas, investiu milhões na campanha e acabou na dependência de um chato que se julga o rei da cocada preta ou que não sabe o que quer.

Pior é que esse cara é quase um detetive, querendo investigar o passado de todo mundo e se pudesse andava munido de um polígrafo para registrar as variáveis fisiológicas como pulsação e pressão arterial dos candidatos na hora em que se dirigissem aos eleitores. E aí mesmo é que o desgraçado não votava em ninguém.

Editorial JP, 22 de setembro (Blog do JM Cunha Santos)

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