Marcos Fábio Belo Matos – prof. dr. do Curso de Comunicação
Social – Jornalismo – da UFMA Imperatriz.
marcosfmatos@gmail.com
Em 28 de outubro, comemora-se o Dia do Servidor Público.
Servidor público é aquele camarada que o vizinho acha um entrave pro país, pois
trabalha pouco, ganha muito, custa caro e não pode ser demitido. Para a população
em geral, servidor público é um peso para o custo Brasil.
As pessoas só esquecem que sem o servidor público o país não
dá um passo. E só na hora do aperreio é que sentem a importância dele. É quando
você se arrebenta no trânsito e precisa da mão competente dos paramédicos do
Samu. É quando você perde o emprego e vai precisar do seguro-desemprego.
É quando você procura a justiça para resolver uma questão
qualquer. É quando o seu plano não cobre aquela cirurgia de urgência e você vai
parar na mão da equipe médica do hospital universitário. É quando seu filho
passa no vestibular e você faz a maior festa porque ele conseguiu passar numa
das melhores universidades do país...pública! É quando tem uma situação de
insegurança e você liga pra polícia atrás de proteção...
A realidade é bem diferente dos estereótipos. Servidor
público, em geral, ganha mal, abaixo de média do que ganharia com a sua
qualificação (graduação, mestrado, doutorado etc) na iniciativa privada – nas
empresas sérias, que realmente valorizam os seus colaboradores, registre-se.
A imensa maioria dos servidores públicos é formada de gente honesta e trabalhadora, que cumpre seus
horários e tenta fazer o melhor para a comunidade, por meio da sua repartição.
A estabilidade não é um privilégio, mas sim um direito duramente conquistado,
que protege o servidor contra desmandos de chefetes e politicagens.
Os concursos públicos, na maioria quase absoluta dos casos,
premiam a meritocracia, qualificam os quadros e melhoram as rotinas
administrativas. Sempre que possível, a nossa carreira é prejudicada por uma
“ação moralizadora”, que abocanha uma parte das nossas conquistas – como
ocorreu, recentemente, com a aposentadoria dos servidores federais.
Servidor público não tem fundo de garantia. Servidor público
não tem benefícios para se qualificar. Servidor público precisa vencer um mar
de candidatos para galgar uma posição, muitas vezes abaixo do nível da sua
qualificação (por exemplo: os cargos hoje que pedem “nível médio” estão, quase
sempre, sendo preenchidos por pessoas já formadas ou na faculdade).
Servidor público não tem ascensão na carreira – ou seja: se
você fizer um concurso para nível médio, vai morrer como nível médio, fazendo
funções de nível médio. E ainda tem que conviver com a falta de isonomia entre
os poderes – um trabalhador que faz a mesma coisa que outro, mas está no
legislativo, por exemplo, ganha mais que aquele que está no executivo.
O problema são as metonímias. A população pensa que todo
servidor público passa o dia contando lorota. Acha que todo mundo ganha como um
ministro de estado – ou seus assessores, que em geral não são funcionários de
carreira. Acredita que todo funcionário público é corrupto.
Mas por que, então, os concursos chovem de gente, todo mundo
querendo ser funcionário público? Resposta: porque nosso capitalismo é
periférico, as carreiras nas empresas privadas são, via de regra, muito
instáveis. Nesse cenário, ser servidor público, com as poucas garantias que a
carreira oferece, é um oásis de felicidade num deserto de falta de
oportunidades.
E há também carreiras que só encontram ancoradouro seguro
nas instituições públicas, como a de professor universitário (que precisa, além
do ensino, fazer pesquisa e extensão), a de militar, a de pesquisador, a de
médico legista e tantas outras. São carreiras que na iniciativa privada
praticamente não existem – ou existem pela metade.
Por tudo o que representa o serviço público para quem fez
dele sua carreira, é motivo de festejar-se o 28 de outubro, sim. Aos servidores
públicos que, com denodo, honram as suas carreiras e contribuem, de fato, para
o crescimento do país, nas suas áreas de atuação específicas, os nossos
parabéns. E deixem os vizinhos continuarem pensando que nós escondemos a metade
do salário que ganhamos e passamos parte do dia num spa.
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