Carlos Agostinho Couto *
Os dados divulgados no período anterior às eleições, e
também durante, chamam a atenção dos eleitores e analistas políticos. Fala-se
nas deficiências da área educacional, falta de vagas nos hospitais, quantidade
de ruas por asfaltar, qualidade dos serviços públicos etc.
Muito se fala também nos recursos possivelmente investidos
pelos diversos candidatos, seja ao cargo majoritário de prefeito ou aos
proporcionais de vereador.
Nas eleições para a Prefeitura de São Luís de 2012 não foi
diferente.
Mas chama mais a atenção ainda, com o cenário eleitoral já
definido neste ano, os dados divulgados no período pós-eleitoral. Oficiais,
devemos admitir, mas dados apresentados aos tribunais eleitorais, portanto,
dignos de nota. Eles mostram o valor que cada candidato alegou ter gasto nas
eleições, com destaque aqui para os custos de campanha dos candidatos a
prefeito mais bem colocados na eleição.
Eles nos mostram, entre tantas outras coisas, o poder
econômico de cada candidato ou grupo. E, por extensão, o ímpeto financeiro com
que cada um enfrentou a campanha. Podemos, inclusive, deduzir quanto custou
cada voto conquistado pelos candidatos. Antes que se criem dúvidas, não nos
referimos à compra de votos, algo que – insistem os tribunais e políticos – é
hábito ultrapassado. Não o é, a meu ver, mas não é o objeto desta análise.
Voltando ao mundo dos dados oficias, e fazendo uma simples
comparação dos valores declarados pelos candidatos e o seu resultado eleitoral,
perceberemos qual a relação entre os valores investidos e o que disseram as
urnas.
Vejamos:
O candidato que mais investiu, oficialmente, foi o prefeito
João Castelo. Foram R$ 4.697.991,79. Se considerarmos que ele participou dos
dois turnos e o gasto informado refere-se a ambos, e dividindo-se o valor gasto
pelos votos alcançados nos dois pleitos, que somaram 376.405 votos (156.320, no
primeiro e 220.085 no segundo turno), temos que cada voto custou o valor de R$
12,48.
O que declarou ter o segundo maior gasto, Washington Luiz,
disponibilizou R$ 4.421.085,46. Como ele teve 56.328 votos (4º colocado no
primeiro turno), significa que cada voto seu lhe custou R$ 78,48.
O que teve o terceiro investimento, em dados oficiais, foi o
candidato eleito Edivaldo Holanda Jr. Ele gastou R$ 2.164.279,82. Como teve
466.993 votos nos dois turnos (186.184 no primeiro e 280.809 no segundo turno),
cada voto saiu por R$ 4,63.
Eliziane Gama, terceira colocada no primeiro turno, com
70.582 votos, declarou ter gasto R$ 304.440. O que dá uma média de R$ 4,31 por
voto.
Ficando por aqui, pois os demais candidatos tiveram um
número bem menos significativo de votos, deduzimos que Eliziane Gama gastou
pouco e ganhou muito. Com um baixo investimento financeiro e uma campanha que
enfatizava um discurso humanitário pela cidade, ficou em terceiro lugar no
primeiro turno.
Washington Luiz gastou muito e ganhou pouco. O poder do seu
dinheiro e o discurso propagandístico de que também teria o poder de conseguir
os apoios federal e estadual pouco lhe renderam nas urnas. Um fiasco político e
econômico-financeiro.
Pragmaticamente, João Castelo perdeu mais porque não
conseguiu a reeleição e Holanda Jr ganhou mais porque, mesmo com um
investimento por voto dezesseis vezes menor que o candidato que mais gastou
proporcionalmente por voto (Washington Luiz), venceu as eleições.
Resta sabermos de onde veio tanto dinheiro e o que justifica
o gasto de fortunas para chegar ao poder.
* Carlos Agostinho A. de M. Couto é professor da UFMA e
doutor em Políticas Públicas.
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