João Batista Azevedo*
Sou baixadeiro, sim sinhô! Este bem que poderia ser um grito
de guerra. Mas soa antes como um grito de paz, de satisfação, de alegria, de
prazer, de orgulho. Orgulho de ser baixadeiro, de ter nascido na Baixada Maranhense.
Uma região naturalmente rica, mas potencialmente pobre. Mas que tem no espírito
do seu povo, a gentileza e a hospitalidade como marcas registradas.
Com características naturais extraordinárias e diferentes
ecossistemas, a Baixada Maranhense foi transformada, em junho de 1991, em APA
(Área de proteção ambiental), com uma área de 7 mil km2 na região continental à
oeste-sudeste da Baía de São Marcos, incluindo a Ilha dos Caranguejos. Mas nem
isto parece chamar a atenção dos governantes para a região.
E não foi por falta de vozes que de diversificadas tribunas,
um dia clamaram e clamam pelo torrão baixadeiro. As terras baixas da baixada
produziram e ainda produzem raras inteligências que chegaram aos mais altos
postos da vida pública. Na magistratura e na política tem-se uma grande plêiade
de homens e mulheres que dignificam suas origens. O jornal, o rádio e a
televisão sempre abrigou os dignos talentos advindos dos mais variados
municípios da baixada. A docência sempre teve e continua tendo mentes lúcidas e
orgulhosas a nunca negarem seu berço e a sempre propagar o lugar onde nasceram.
Mas ainda assim, somos vítimas do acaso das políticas
públicas de desenvolvimento. Ainda fazemos a roça do toco. Somos uma região
onde a economia gira em torno dos benefícios previdenciários dos velhinhos, dos
programas de distribuição de renda do governo federal, e dos empregos públicos
municipais de baixos salários. Lamentavelmente.
Os gritos em favor e pela baixada vem há muito ecoando pelo
parlamento estadual. Os muitos municípios da região já produziram inúmeros
parlamentares, que de uma forma ou de outra, pediram aos ouvidos do governo, em
nome dos seus munícipes.
Lembro-me, ainda que levemente, da atuação orgulhosa e
vibrante dos conterrâneos (de São João Batista) Chiquitinho Figueiredo e Jose
Dominici, ambos deputados estaduais nos idos finais da década de 60 e começo de
70. Pela baixada também pediram, com certeza, os vianenses Djalma Campos,
Valber Duailibe e Chico Gomes; os sãobentoenses Isaac Dias e Dr. Ibrahim
Almeida; o matinhense Edimar Cutrim; os pinheirense José Paiva, Maneco Paiva,
Dedeco Mendes, José Genésio, Filuca Mendes e Vítor Mendes.
Das entrâncias do Mearim em terras da baixada, vem do Arari,
a voz de Manoel Ribeiro. De Cajapió também sobressai o clamor de Marcelo
Tavares. E da sempre provedora terra de parlamentares – São João Batista –
ouviu-se ontem a voz pujante de um João Evangelista, enquanto hoje ouve-se os
ecos de um Raimundo Cutrim e Jota Pinto. Das terras de Santa Helena também
ouviu-se o parlar de Jorge Pavão pelos baixadeiros.
Da antes Baixada também, hoje Litoral Ocidental, não se pode
negar a voz dos filhos de Cururupu, José Amado e Alberto Franco. E dos
eloquentes Celso Coutinho e Gastão Vieira, de terras vimarenses.
E olha, meus nobres, que cá pra nós, a benfazeja Baixada já
produziu governadores e até presidente da República.
Sei que todos, com suas particulares eloquências, um dia
pediram desenvolvimento para a baixada, só que o governo não os quis ouvir
ainda.
Mas a baixada continua ali. Um impávido colosso de
exuberâncias e prodigiosas inteligências a dizer: sou baixadeiro, sinhô!
*Professor graduado em Letras pela Ufma e pós-graduado em
Língua Portuguesa pela PUC-MG e em Literatura Brasileira pela Uema. É editor e
administrador do “Blog São João Batista On
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