FLÁVIO DINO PÓS-MODERNO
Blog do Ed Wilson
Dino com os tucanos para enfrentar o filho de Lobão. Foto: Honório Moreira |
O espaço deste artigo é curto (e o tempo do blogueiro
também) para fazer uma exposição profunda sobre os sentidos da pós-modernidade.
Objetivamente, no foco da eleição de 2014, interessa uma
leitura da mistura de partidos e pessoas em torno da frente liderada por Flavio
Dino (PCdoB) para disputar o governo do Maranhão.
Dino com a Resistência Petista, que está com Lula e Dilma |
Nesse sentido, o hibridismo das coligações reflete uma das
características da pós-modernidade: a troca da fidelidade permanente pela
sinceridade sucessiva.
Assim, o ex-prefeito João Castelo (PSDB), símbolo do atraso,
vira progresso e motivo de orgulho; o feio passa a ser bonito, o velho é o novo
e, sob o império do relativismo, esquerda e direita fazem pouca diferença.
A política na forma pragmática detesta coerência ideológica
e prefere os atalhos. Coerência é crença e navegação em linha reta não encontra
porto seguro.
MUTAÇÕES
Se o PCdoB esteve por oito anos com a governadora Roseana
Sarney (1999-2004), quando ela era aliada ao presidente Fernando Henrique
Cardoso (PSDB), qual o problema para os comunistas casarem com Aécio Neves em
2014?
Flavio Dino pós-moderno é sinônimo de hibridismo e
fragmentação de fronteiras: reúne PCdoB, PSDB, petistas lulistas, o espólio do
PMDB de José Sarney e quem mais estiver interessado em “derrotar a oligarquia”.
Algo parecido com a Frente de Libertação, liderada por
Jackson Lago (PDT), que Flavio Dino rebatizou de "Partido do
Maranhão", cujas ideias estão sistematizadas em um manifesto, distribuído
quando o comunista recebeu o apoio de Waldir Maranhão, Raimundo Cutrim, Zé
Vieira e outros, em evento no hotel Rio Poty.
REAL POLITIK
Já escrevi e repeti outras vezes: sem uma aliança ampla a
oposição perde. Do ponto de vista da tática eleitoral, em uma perspectiva
pragmática, Dino capturou o PSDB e João Castelo por uma razão simples: o tempo
de propaganda eleitoral no rádio e na TV. Em troca, deu a vice aos tucanos e
uma vaga de deputado federal ao ex-prefeito Castelo.
Fora disso, Aécio Neves, os tucanos e o mau exemplo
administrativo de Castelo só têm a manchar o projeto de mudança no Maranhão.
Porém, para a grande massa eleitoral, pouco importa o
ziguezague dos partidos. O eleitor menos interessado até considera (pasmem!)
Castelo oposição a Sarney.
Militando na política profissional, Flavio Dino só vence a
eleição em uma aliança grande, mas a mudança pode ser pequena.
Na perspectiva da sinceridade sucessiva, não importa se
Castelo transformou São Luís em um lixo de cidade, se enterrou dinheiro no
canal mal feito do Coroadinho, se a drenagem do Mercado Central não funciona,
se a enxurrada levou a fortuna do canal do Cohatrac, se abandonou material
escolar em um galpão e se até hoje ninguém sabe onde foram parar os R$ 73
milhões para a construção do elevado da Forquilha.
O mesmo raciocínio serve para Waldir Maranhão, Raimundo
Cutrim e Zé Vieira, espólio de Sarney, transformados em heróis da mudança.
Nessa forma de ver a política, Dino vai aplicando o bordão
do líder comunista chinês Deng Xiaoping: “não importa a cor do gato, desde que
ele pegue o rato”. Em outras palavras, todos que quiserem derrotar Sarney serão
bem-vindos.
OUTRAS SINCERIDADES
Mas, a sinceridade sucessiva não é exclusiva de Flavio Dino.
Exemplos recentes ilustram esta eleição pós-moderna no Maranhão. O prefeito de
Imperatriz, Sebastião Madeira (PSDB), trocou a devoção por Luis Fernando pelo
amor a Flavio.
Pior fez o prefeito de Barreirinhas, Léo Costa (PDT). Em 15
dias ele declarou apoio aos sarneístas Gastão Vieira para senador e Luis
Fernando para governador. Em seguida, lançou-se candidato a vice-governador na
chapa de Flavio Dino.
Em meio a tantas sinceridades sucessivas, atalhos e
ziguezagues partidários, o povo do Maranhão aguarda o dia de votar, já tão
calejado por essas mudanças prometidas bem antes de Vitorino Freire.
Se ganhar a eleição e não cumprir a promessa, Flavio Dino só
não pode se queixar de uma coisa: falta de apoio. Já tem gente demais, de todo
tipo, para mudar o Maranhão.
*Deng Xiaoping: Líder comunista chinês
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