quinta-feira, 17 de junho de 2010

EMBARCAÇÕES DE VIANA


Por Luiz Antonio Morais

Acabo de encontrar uma preciosa publicação do pesquisador Luis Phelipe Andrés, denominada “Embarcações do Maranhão – Recuperação das Técnicas Construtivas Tradicionais Populares, São Paulo: Audichorno Editora, 1998. O livro que recebeu o “Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, 1996”, na Categoria Inventário de Acervos e Pesquisas, nos revela uma variedade de técnicas de construção artesanal de embarcações, constituindo uma das mais antigas formas de manifestação da nossa cultura, ainda escassamente documentadas. É um trabalho importante, cuja profundidade e beleza fala por si. Por isso, resgatei algumas páginas do livro que reproduzem um universo muito íntimo dos vianenses, que convivem diariamente com a bela paisagem do nosso lago e tem o privilégio de contemplar as nossas canoas, cascos, casquinhos e lanchas, cruzando o horizonte até sumir na foz do Rio Maracu.



Começo mostrando os casquinhos, muito utilizados pelos pescadores, cujas características tem sofrido alterações, como a substituição da palha da cobertura por material plástico e a utilização de motor. A explicação é simples: os pescadores geralmente se deslocam na madrugada para pescar e, com a cobertura, podem se proteger das chuvas ou mesmo se abrigar somente para tirar um cochilo enquanto as redes de malha fazem o serviço de capturar os peixes.


Pescadores utilizam embarcações artesanais



Outra embarcação muito comum na Baixada são os Cascos, muito utilizadas para transporte de passageiros e passeios nos lagos durante o inverno. Apresentam características que os tornam próprios para a navegação fluvial, como a boca estreita em relação ao comprimento total. Em geral, os cascos são movidos a motor e possuem cabines que abrangem quase a totalidade do seu comprimento e que se assemelham à uma pequena choupana coberta de palha. Algumas adaptações para transporte de carga apresentam cabines reduzidas. A estrutura dessas embarcações varia de acordo com a presença da quilha, cavername e demais peças estruturais.


O telhado do Casco em sua fase de renovação
O casario de um casco, normalmente coberto com palha assume o aspecto de uma casinha do interior (acima).
As pequenas embarcações de Viana podem ser consideradas como testemunho da transição entre as antigas canoas indígenas de um só tronco para as formas artesanais da atualidade, cujos cascos são inteiramente compostos com tábuas, explicando-se dessa forma a origem das proas chatas das canoas do Maranhão.

Os Cascos e Casquinhos são, portanto, características do nosso povo e da nossa cultura, que o blog Vianensidades resgata para mostrar ao mundo todas as belezas da Cidade dos Lagos.

Com informações do livro “EMBARCAÇÕES DO MARANHÃO” (Luis Phelipe Andrés– Fotos: Albani Ramos, Geraldo Kosinski, José de Ribamar Alves, Peter Milko.


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