Ed Wilson Araújo *
Os leitores deste blogue podem ver novamente o artigo Por umchoque de capitalismo no Maranhão, escrito em 2012.
Naquele texto, eu analisei as questões mais profundas que
atrasam o nosso desenvolvimento: clientelismo, corrupção e patrimonialismo.
Esses trigêmeos dominam o governo e as prefeituras desde a
pré-história do vitorinismo, estendendo-se até os últimos 50 anos da era
Sarney.
Eleito governador em 2014, Flavio Dino (PCdoB) já anunciou
em várias entrevistas que vai introduzir o capitalismo no Maranhão.
Não precisa muito esforço para entender a tese. Basta viajar
pelas nossas estradas e chegar a qualquer município pequeno ou médio.
Só há duas imagens. Nas estradas, o latifúndio improdutivo e
as casas de taipa. Nas cidades, o atraso total.
Esse cenário só muda se houver alterações profundas no modo
de produção.
O Bolsa Família já cumpriu a primeira etapa, ao libertar as
pessoas pobres dos favores e migalhas dos vereadores e prefeitos, que sempre
trataram a coletividade como gado, transformando as pessoas em animais, presas
aos currais (eleitorais).
Agora, é chegado o momento de evoluirmos do assistencialismo
ao capitalismo.
OUTROS CAPITAIS
Para quebrar o ciclo vicioso do atraso é necessário, em
primeiro lugar, libertar as prefeituras da agiotagem, esquema que financia as
campanhas eleitorais e controla o dinheiro das prefeituras e as bancadas
parlamentares.
O Maranhão precisa abrir as portas aos investimentos
privados que introduzam uma nova dinâmica nas cidades: empresas competitivas
atuando na produção, geração de emprego e renda, mediante contrato de trabalho,
carteira assinada, férias, FGTS, auxílio-alimentação etc.
Concorrendo com o capital produtivo, a agiotagem vai reduzir
consideravelmente o controle sobre as administrações municipais e os
parlamentares.
O capital “limpo” do capitalismo produtivo é fundamental
para implantar uma nova cultura política nos municípios.
A introdução de empreendimentos privados leva à geração de
empregos e à dinamização da economia local, questões fundamentais para quebrar
o ciclo vicioso entre os prefeitos e os agiotas.
MUDANÇA POLÍTICA
No Maranhão, predomina uma rede de corrupção com tentáculos
em todas as dimensões e várias instituições.
Esse modelo sustentou uma aristocracia parasita, inimiga do
trabalho e beneficiária da corrupção que produziu o atraso econômico e a
miséria de milhões de maranhenses.
Para quebrar esse esquema, a “mão invisível” do mercado pode
cumprir uma tarefa essencial no desmonte do sistema oligárquico instituído no
clientelismo e no patrimonialismo.
Nesse contexto, cabe ao governo comunista o papel de
incentivar e regular o ingresso do capital produtivo no Maranhão.
Quando digo “regular”, entenda-se o estabelecimento de
relações republicanas e democráticas no processo de atração dos empreendimentos,
sem privilégios aos aliados e financiadores de campanha.
O primeiro sinal de mudança do governo Flávio Dino (PCdoB)
deve ser a criação de uma plataforma de acompanhamento de todas as licitações,
contratos e atos institucionais, aberta ao amplo conhecimento da população.
Sem transparência, não há mudança!
Não adianta trocar as empresas de Edinho Lobão e Fernando
Sarney por outros esquemas de aliados comunistas.
É urgente quebrar o monopólio e democratizar a concorrência,
destruindo a aristocracia parasitária que domina os negócios com o governo.
LATIFÚNDIO E DIVERSIDADE
O Maranhão precisa também multiplicar e dinamizar os
arranjos produtivos no campo. Até agora, temos dois extremos: a pequena
agricultura familiar e o agronegócio.
A monocultura de soja e eucalipto avança a cada dia no
controle de terras em todas as regiões do Maranhão – do sul ao baixo Parnaíba.
A expansão da fronteira da soja é nociva ao meio ambiente e
expulsa o pequeno agricultor do campo, que acaba vendendo suas terras ao
agronegócio altamente competitivo.
Diante desse cenário, há espaço para outros arranjos
produtivos: médias empresas de agroindústria precisam invadir o Maranhão.
A única maneira de preservar as terras dos pequenos e médios
produtores é torná-los competitivos, com acesso ao crédito, maquinário e
assistência técnica de ponta.
O capitalismo precisa chegar ao campo beneficiando os
pequenos e médios produtores. É a única forma de impedir a expansão ilimitada
das fronteiras da soja e do eucalipto.
OUSADIA E CORAGEM
A aristocracia parasita do Maranhão precisa ser exterminada
pela ação do capitalismo produtivo e competitivo.
Para realizar essa tarefa, o novo governo precisa ser ousado
e corajoso.
A missão histórica do governo comunista é destruir a cultura
política oligárquica que sustentou uma elite perversa, asquerosa, sócia do
ócio, inimiga do trabalho e da produtividade.
O choque de capitalismo, portanto, é fundamental para
destruir os parasitas instalados no Palácio dos Leões, com seus tentáculos em
quase todos os municípios.
Só o liberalismo é capaz de libertar o Maranhão, rompendo
com o coronelismo e o sistema oligárquico que sempre impediu o nosso
desenvolvimento.
O Maranhão, sempre caminhando por vias tortas, pode
construir um futuro justo optando pelo modelo injusto – o capitalismo produtivo
e competitivo.
É pela antítese que se pode construir a síntese de um futuro
melhor.
No governo comunista, é chegada a hora da “revolução”
capitalista.
* Ed Wilson Araújo é jornalista, professor da UFMA e
doutorando em Comunicação pela PUCRS.
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