Do Blog do Joaquim Haickel
Vamos hoje comentar alguns erros e equívocos que marcaram a
política e as eleições de 2014, aquela que vai ficar conhecida como a que
estabeleceu o fim de um ciclo de hegemonia do mais importante grupo politico de
nosso estado, um dos mais poderosos de nosso país.
Lembro que em um texto publicado tempos atrás eu havia dito
que ganharia essa eleição quem menos erros cometesse. Não precisa ser gênio
para dizer isso. Assim acontece em tudo na vida, meu alerta foi no sentido de
chamar atenção de quem detinha o comando, dos dois lados do front de batalha,
para o fato de tentarem diminuir seus erros, equívocos, trapalhadas e outras
bobagens que o valham. Dito e feito, quem menos errou, ganhou!
Tecer comentários depois dos acontecimentos terem se
consumado é muito fácil, mas se você chamou atenção para esses detalhes antes,
está perdoado.
Voltamos no tempo para vermos um grave erro cometido em
2010, quando Roseana Sarney impediu que meus correligionários do município de
São Domingos do Maranhão votassem em Tata Milhomem, fazendo-os apoiar Carlos
Filho, fato que fez com que Tata perdesse a eleição, culminando com a elevação
de Arnaldo Melo para presidente da Assembleia Leislativa.
Outro grave erro aconteceu em 2012, quando a governadora não
quis apoiar João Castelo para prefeito de São Luís. Ali foi o começo do fim.
Castelo reeleito prefeito com o apoio de Roseana, no mínimo, se para mais nada
servisse, impediria de Flávio Dino ter o enclave da prefeitura de São Luís a
seu favor. Erro elementar e imperdoável de aritmética política.
Nem vou levar em conta alguns equívocos como a escolha de prioridades
de ações administrativas, o número de hospitais a ser construídos, maior
autoridade e tenacidade ao enfrentar o problema da segurança, o tráfico de
drogas e o gargalo carcerário. Qualquer um, de um modo ou de outro está sujeito
a esses tropeços… Uns mais que outros!
Como na vida, os erros na política não podem ser
consertados, mas podem ser compensados, suas perdas podem ser minoradas. Também
como na vida o acúmulo de erros, em algum momento torna-se fatal.
E os erros continuaram.
Aos 85 anos de idade José Sarney, que não é esse demônio que
seus desafetos pintam, sabia que não mais deveria ser candidato a mandato
eletivo. Mas quem conhece Sarney sabe que ele não decide nada, ele deixa que as
circunstâncias tomem sozinhas suas decisões. Ele apenas apascenta as
circunstâncias, vez por outra as torce e retorce, mas sempre com certa…
Parcimônia!
Sarney deveria ter anunciado que não mais iria se candidatar
quando de seu discurso de despedida da presidência do Congresso Nacional. Até
ele errou. Errou por temer se enfraquecer, porque político sem mandato vale
pouco ou nada, por não querer perder espaço no cenário nacional. Errou por
pensar que outros pensariam que continuando, ele ficaria forte, enquanto a cada
dia que se passava ficava mais fraco. E todos sabiam disso.
Sarney sabia que seus adversários não poderiam destruir o
criador com facilidade e que estavam destruindo sua criatura para atingi-lo.
Enfraquecendo e desmoralizando o Maranhão, enfraqueceriam e desmoralizariam
Sarney.
Ele sabia disso e tentou fazer Roseana entender que ela
deveria se desincompatibilizar para ser candidata ao senado, para dar a ele,
através dela espaço para continuar na política. Estratégia que ele deveria
saber que com Roseana seria impossível de realizar. O gênio dela não
permitiria.
Como se não bastasse, os erros anteriores, dizem que Roseana
atendendo a insustentável pressão do seu marido pouco simpático, declinou de
sua candidatura ao senado e resolveu que iria morar nos Estados Unidos. O
acúmulo de erros ia criando uma montanha que se mostrou intransponível.
Saber escolher um candidato é uma das coisas mais
importantes em uma eleição. Existem bons candidatos porque eles têm carisma,
porque sabem tratar os políticos, a imprensa e o povo. Existem candidatos
excelentes por serem pessoas humildes, honradas e honestas. Existem aqueles que
são bons administradores, conseguem entender o panorama, separar a versão da
realidade, e aqueles que sabem que o poder é uma coisa temporária e fugaz. Um
candidato que tivesse todas essas características seria o candidato perfeito!
Mas este não existe em lugar algum. Por melhor que seja, nenhum candidato tem
apenas boas qualidades, os defeitos da humanidade estarão nele, por isso a
escolha de um que possa agregar a maior quantidade dessas boas qualidades deve
ser feita por quem conheça a realidade, não por alguém que queira simplesmente
um substituto para si.
Luís Fernando Silva, candidato escolhido pessoalmente por
Roseana, tinha tudo para ser um excelente candidato, caso tivesse entendido
que, da governadora só precisava da indicação, do beneplácito.
Governador de fato durante quase três anos, Luís Fernando
perdeu grandes oportunidades de se tornar candidato de todo grupo Sarney e não
apenas do casal governante.
Tendo eu com Luís laços familiares de consideração, respeito
e carinho, disse a ele diversas vezes que precisava se aproximar dos políticos,
que se desvencilhasse um pouco da barra da saia de Roseana, e que pegasse a
estrada, coisa que fez tardiamente de forma tímida e errônea. Foram erros atrás
de erros.
Quando Luís viu que só teria chances reais de vencer a
eleição se Roseana saísse do governo para se candidatar ao senado e o ajudasse
a se eleger governador indiretamente na Assembleia Legislativa, já era tarde
demais. Roseana já havia marmorizado a ideia de não ser candidata a senadora e
jamais pensaria em fazer como fez Sergio Cabral que saiu do governo do Rio de
Janeiro e nem se candidatou ao senado, para viabilizar a eleição de seu
candidato, Pezão. Roseana jamais faria uma coisa dessas.
Encurralado entre a teimosia da governadora e sua falta de
atitude, pois se Luís tivesse feito o que diversas vezes lhe disse que deveria
fazer, com os políticos de seu lado, ele teria entrado nos Leões e colocado no
colo de Roseana uma situação irreversível. Ele respaldado por toda classe
política, incluindo Sarney, senadores, deputados e prefeitos, quem sabe
poderiam demovê-la da ideia de permanecer no governo.
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