quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

HOMENS SEM HONRA

Foto: ag.oglobo

O nefasto poder dos traficantes de drogas abate-se hoje sobre a juventude maranhense com uma violenta novidade chamada crack. Trata-se de uma pedra construída à margem das leis que vicia, tolda as mentes de grande parte dos jovens e adolescentes deste país.

Em nome do lucro fácil, da riqueza sem trabalho, eles invadem as escolas, as famílias, as igrejas para escravizar uma geração que bem ou mal representa o futuro do Brasil.

Constroem, assim, uma multidão de imberbes seres sem saída que em nome de uma embriaguez apocalíptica, está disposta a nos enfrentar, a nos assaltar e até destruir se preciso for.

Com isso transformam toda uma geração em rebotalho da sociedade, e não há Cristo, não há filósofo, ou sociólogo que convença essa geração de que a paz entre os homens é melhor; que convença estes seres imberbes de que construir o futuro independe das drogas e de que eles, apesar de todo o susto, são os únicos filhos que temos.

Acima de todas as convenções e de todas as regras, está o direito de ir e vir. Mas a fúria da desobediência provocada pelo crack está interrompendo esse direito.

Essa compulsiva organização que se alimenta do medo e que inapelavelmente colocou o ódio acima do amor tem origem na falta de caráter e de escrúpulos dos homens sem honra.

Desorientados, sem Deus e sem pão suas vítimas agem como uma boiada de búfalos desgovernados a arrastar tudo o que encontram pela frente. Os homens sem honra, os que lucram com tamanha degradação humana, riem; riem do alto dos seus apartamentos de luxo, dos seus carros importados, enquanto ensinam aos pivetes que bem melhor é agredir do que se sujeitar aos apelos e conselhos de seus pais.

Mistura-se, ordinariamente, a essa parafernália de meninos deserdados da educação e da saúde, meninos outros famintos e deserdados da sorte.

Não há lógica cristã, muçulmana ou de qualquer índole religiosa que explique a felicidade, a segurança, e principalmente a impunidade dos homens sem honra. Falamos da extrema necessidade de proteger nossos filhos desta apavorante disputa por dinheiro, esta que não leva em consideração os nossos mais qualificados sentimentos.

“Sem a sua honra um homem morre e mata” como ficou dito no poema traduzido pela canção de Raimundo Fagner. Há que se entender que nenhuma honra em nós será mais ferida do que aquela que atinge nossos rebentos, os que geramos e criamos nas caladas das noites, na constante busca de perpetuar a espécie.

Editorial do Jornal Pequeno, 12/02/2010


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