
Os vianenses e moradores de cidades vizinhas podem estar consumindo arroz com agrotóxico
Por Luiz Antonio Morais, direto do Sobrado Amarelo (antiga "Fábrica") caindo aos pedaços, em Viana.
O que era apenas uma suspeita, pode estar se confirmando, ou seja, a presença de agrotóxicos na polêmica plantação de arroz no leito do lago de Viana. Hoje, sexta-feira, 12/03, foi a vez do matutino, O Imparcial, tratar do assunto em reportagem especial.
Além dos dados já conhecidos e amplamente divulgados por este blog, a matéria cita o adiamento de qualquer decisão por parte do Ministério Público Estadual, comandado pela vianense Fátima Travassos, que solicitou ao promotor de Justiça da comarca de Viana, Raimundo Benedito Barros, uma perícia técnica de impacto ambiental para detectar os problemas ao longo dos lagos do município.
Já o professor doutor José Policarpo Costa Neto, que há 12 anos faz um estudo na bacia da região, defendendo o fim do cultivo de arroz nos lagos, afirmou na reportagem (leia Box) que há agrotóxicos utilizados no plantio. “Eles usam agrotóxicos. Eu conversei com um lavrador e ele me confessou a noite coloca o produto para aumentar a produção”, afirmou Policarpo durante a audiência.
O tema reascende a discussão sobre a cultura do arroz de várzea, plantado na Baixada, com uma suposta anuência da Secretaria de Estado da Agricultura, que nunca se pronunciou sobre o assunto.
SEM LICENÇA AMBIENTEAL
O que era apenas uma suspeita, pode estar se confirmando, ou seja, a presença de agrotóxicos na polêmica plantação de arroz no leito do lago de Viana. Hoje, sexta-feira, 12/03, foi a vez do matutino, O Imparcial, tratar do assunto em reportagem especial.
Além dos dados já conhecidos e amplamente divulgados por este blog, a matéria cita o adiamento de qualquer decisão por parte do Ministério Público Estadual, comandado pela vianense Fátima Travassos, que solicitou ao promotor de Justiça da comarca de Viana, Raimundo Benedito Barros, uma perícia técnica de impacto ambiental para detectar os problemas ao longo dos lagos do município.
Já o professor doutor José Policarpo Costa Neto, que há 12 anos faz um estudo na bacia da região, defendendo o fim do cultivo de arroz nos lagos, afirmou na reportagem (leia Box) que há agrotóxicos utilizados no plantio. “Eles usam agrotóxicos. Eu conversei com um lavrador e ele me confessou a noite coloca o produto para aumentar a produção”, afirmou Policarpo durante a audiência.
O tema reascende a discussão sobre a cultura do arroz de várzea, plantado na Baixada, com uma suposta anuência da Secretaria de Estado da Agricultura, que nunca se pronunciou sobre o assunto.
SEM LICENÇA AMBIENTEAL
Já o representando da Secretaria de Estado do meio Ambiente, o analista ambiental Cezar Carneiro, durante a audiência, de prontidão declarou que a atividade da cultura de arroz local está sendo feita sem licença ambiental. De acordo com ele, o produtor tem que ter um documento que autorize a produção, pois são áreas públicas, de Proteção Ambiental, da União e do Estado.
REPORTAGEM DA MIRANTE/GLOBO ARQUIVADA
REPORTAGEM DA MIRANTE/GLOBO ARQUIVADA
No mês passado, enquanto as autoridades discutiam com a população e os interessados no plantio do arroz, uma equipe da TV Mirante de São Luís, comandada pelo reporte Sidney Pereira, trabalhava numa reportagem especial, que seria levada ao ar pelo Globo Rural, a nível nacional pela Rede Globo, e local pelo Mirante Rural, com maiores informações sobre o polêmico assunto.
A reportagem seria exibida no domingo, 21 de fevereiro, porém, alegando falta de embasamento técnico, a emissora suspendeu a exibição e, vazou a informação que, antes, seria ouvido um Engenheiro Ambiental da EMBRAPA, do Piauí, para sugerir argumentos científicos à matéria .
E mais: a TV Mirante também agendou uma entrevista com professor José Policarpo Costa Neto, na quinta feira, 25 de fevereiro, que chegou a suspender uma de suas aulas na UFMA, para dar o seu parecer de especialista, de acordo com os seus estudos. A entrevista foi cancelada, sem maiores explicações e matéria foi para lixo, sem nenhum esclarecimento oficial da emissora, nem para a população de Viana, tampouco para este blog, que divulgou a exibição da reportagem.
Leia abaixo a reportagem de O Imparcial sobre o plantio de arroz na Baixada
ANTES BÚFALO, AGORA, ARROZ
A reportagem seria exibida no domingo, 21 de fevereiro, porém, alegando falta de embasamento técnico, a emissora suspendeu a exibição e, vazou a informação que, antes, seria ouvido um Engenheiro Ambiental da EMBRAPA, do Piauí, para sugerir argumentos científicos à matéria .
E mais: a TV Mirante também agendou uma entrevista com professor José Policarpo Costa Neto, na quinta feira, 25 de fevereiro, que chegou a suspender uma de suas aulas na UFMA, para dar o seu parecer de especialista, de acordo com os seus estudos. A entrevista foi cancelada, sem maiores explicações e matéria foi para lixo, sem nenhum esclarecimento oficial da emissora, nem para a população de Viana, tampouco para este blog, que divulgou a exibição da reportagem.
Leia abaixo a reportagem de O Imparcial sobre o plantio de arroz na Baixada
ANTES BÚFALO, AGORA, ARROZ
Lagos de Viana são transformados em campo de agricultura
Por Daniel Fernandes de O Imparcial
Plantar arroz na região dos lagos de Viana (219 km de São Luís) pode ser extremamente danoso ao ecossistema de toda a região. Pelo menos é o que investiga o Ministério Público Estadual, após instalado um inquérito civil que aponta as plantações como danosas, não só ao meio ambiente, como a toda a população residente na região. Os lagos de Viana hoje são campos de agricultura para 142 famílias, em um tamanho cerca de 100 hectares de área.
Há cerca de um mês houve uma audiência pública na cidade para discutir esse impasse, contando com a presença de pesquisadores da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), e até da procuradora-geral de Justiça, Fátima Rodrigues Travassos. Além da procuradora-geral, participaram da audiência também a corregedora geral Selene Coelho de Lacerda, o procurador de justiça, Francisco das Chagas Barros, e o professor doutor José Policarpo Costa Neto, que há 12 anos faz um estudo na bacia da região, defendendo o fim do cultivo de arroz nos lagos.
A audiência em si não rendeu grandes decisões. A procuradora-geral solicitou ao promotor de Justiça da comarca de Viana, Raimundo Benedito Barros, uma perícia técnica de impacto ambiental para detectar os problemas ao longo dos lagos do município.
Após dez dias, a ata circunstancial foi entregue pelo promotor Raimundo Barros. Nela, também nada decisivo foi constatado. O promotor disse que será necessário um estudo científico bem mais aprofundado, após análises de órgãos responsáveis, como a secretaria de Estado do Meio Ambiente. Até o fim do estudo, e para que seja obtido um resultado decisivo, ele acredita que demandará um grande tempo. Enquanto não há um resultado final, instalou-se na região o impasse: os lagos da Baixada Ocidental estão sendo profundamente afetados pela plantação de arroz, ou não?
PALAVRA DE ESPECIALISTA
O professor doutor José Policarpo Costa Neto, especialista em limnologia, ciência que tem os ecossistemas aquáticos como um de seus objetos de estudo, é um dos defensores do fim do plantio de arroz na região dos lagos de Viana. Ele também participou da audiência pública. Em entrevista exclusiva à O IMPARCIAL, José Policarpo esclareceu os motivos e constatações que o levaram a defender essa ideia.
De acordo com ele, os lagos de Viana são caracterizados como áreas inundáveis, ou seja, onde acumula água durante o período chuvoso, mas “seca” após esse período, realizando um ciclo natural. Essa característica se repete em boa parte da Baixada Maranhense. A região de Viana, em especial, possui campos inundáveis, que são propícios à plantações. Entretanto, plantações como as de arroz não são vocações naturais da região. São vocações, segundo ele, a produção natural de peixe, a conservação da biodiversidade e a produção de água para a população.
Não sendo uma vocação da região, a plantação afeta diretamente e profundamente o equilíbrio natural do ecossistema. A plantação mexeria com os sedimentos do leito do lago, ou o fundo. Desequilibrando os sedimentos, toda a cadeia alimentar do lago se vê desequilibrada, afetando também os peixes, que são uma das principais fontes de renda e sobrevivência da cidade.
Além disso, há os agrotóxicos utilizados no plantio. “Eles usam agrotóxicos. Eu conversei com um lavrador e ele me confessou que à noite coloca o produto para aumentar a produção”, afirmou Policarpo durante a audiência. O produto é usado também para proteger a plantação das pragas naturais. Entretanto, intoxica os peixes que vivem no lago, e todo o ecossistema.
Como os peixes são de grande consumo da população, se torna iminente que esta também sofra com a intoxicação pelos agrotóxicos. Tudo isso poderá se tornar um problema de saúde pública. Sem um preparo adequado para tratar problemas de saúde relacionados à intoxicações, e sem nem mesmo um diagnóstico relacionado, a população estará indefesa contra tais problemas de saúde.
Visão diferente
Para o advogado Fábio Moreira, e integrante da Associação dos Plantadores de Arroz, talvez não estejam. Ele afirmou durante a audiência que o plantio de arroz deve ser analisado com calma. Declarou também que muitos produtores estão sendo maltratados na região. “Os produtores rurais estão sendo tratados como bandidos por algumas pessoas da cidade. São muitas famílias vivendo aqui do cultivo do arroz de várzea. São trabalhadores, pais de família. Não são bandidos”, disse ele.
Durante o discurso, Fábio frisou diversas vezes o quanto as famílias dependem dessa plantação. Levantou também a questão de o Lago de Viana sofrer outras agressões que também devem ser discutidas, a exemplo da extração de areia, construção de casas e açudes particulares na área, e da criação de búfalos. E questionou: “Agora todos os problemas são ocasionados somente pelo arroz?”. O promotor Raimundo Barros, ao conversar com a equipe de reportagem, também relembrou a necessidade dessas famílias em sobreviverem do arroz.
O representando da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, o analista ambiental César Carneiro, durante a audiência, de prontidão declarou que a atividade da cultura de arroz local está sendo feita sem a licença ambiental. De acordo com ele, produtor tem que ter um documento que autorize a produção, pois são áreas públicas, de Proteção Ambiental, da União e do estado.
Entretanto, quase nenhuma família possui toda a documentação, por praticarem agriculturas artesanais, de forma manual. Mas, mesmo constatando a irregularidade, César não falou negativamente sobre o plantio.
Por Daniel Fernandes de O Imparcial
Plantar arroz na região dos lagos de Viana (219 km de São Luís) pode ser extremamente danoso ao ecossistema de toda a região. Pelo menos é o que investiga o Ministério Público Estadual, após instalado um inquérito civil que aponta as plantações como danosas, não só ao meio ambiente, como a toda a população residente na região. Os lagos de Viana hoje são campos de agricultura para 142 famílias, em um tamanho cerca de 100 hectares de área.
Há cerca de um mês houve uma audiência pública na cidade para discutir esse impasse, contando com a presença de pesquisadores da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), e até da procuradora-geral de Justiça, Fátima Rodrigues Travassos. Além da procuradora-geral, participaram da audiência também a corregedora geral Selene Coelho de Lacerda, o procurador de justiça, Francisco das Chagas Barros, e o professor doutor José Policarpo Costa Neto, que há 12 anos faz um estudo na bacia da região, defendendo o fim do cultivo de arroz nos lagos.
A audiência em si não rendeu grandes decisões. A procuradora-geral solicitou ao promotor de Justiça da comarca de Viana, Raimundo Benedito Barros, uma perícia técnica de impacto ambiental para detectar os problemas ao longo dos lagos do município.
Após dez dias, a ata circunstancial foi entregue pelo promotor Raimundo Barros. Nela, também nada decisivo foi constatado. O promotor disse que será necessário um estudo científico bem mais aprofundado, após análises de órgãos responsáveis, como a secretaria de Estado do Meio Ambiente. Até o fim do estudo, e para que seja obtido um resultado decisivo, ele acredita que demandará um grande tempo. Enquanto não há um resultado final, instalou-se na região o impasse: os lagos da Baixada Ocidental estão sendo profundamente afetados pela plantação de arroz, ou não?
PALAVRA DE ESPECIALISTA
O professor doutor José Policarpo Costa Neto, especialista em limnologia, ciência que tem os ecossistemas aquáticos como um de seus objetos de estudo, é um dos defensores do fim do plantio de arroz na região dos lagos de Viana. Ele também participou da audiência pública. Em entrevista exclusiva à O IMPARCIAL, José Policarpo esclareceu os motivos e constatações que o levaram a defender essa ideia.
De acordo com ele, os lagos de Viana são caracterizados como áreas inundáveis, ou seja, onde acumula água durante o período chuvoso, mas “seca” após esse período, realizando um ciclo natural. Essa característica se repete em boa parte da Baixada Maranhense. A região de Viana, em especial, possui campos inundáveis, que são propícios à plantações. Entretanto, plantações como as de arroz não são vocações naturais da região. São vocações, segundo ele, a produção natural de peixe, a conservação da biodiversidade e a produção de água para a população.
Não sendo uma vocação da região, a plantação afeta diretamente e profundamente o equilíbrio natural do ecossistema. A plantação mexeria com os sedimentos do leito do lago, ou o fundo. Desequilibrando os sedimentos, toda a cadeia alimentar do lago se vê desequilibrada, afetando também os peixes, que são uma das principais fontes de renda e sobrevivência da cidade.
Além disso, há os agrotóxicos utilizados no plantio. “Eles usam agrotóxicos. Eu conversei com um lavrador e ele me confessou que à noite coloca o produto para aumentar a produção”, afirmou Policarpo durante a audiência. O produto é usado também para proteger a plantação das pragas naturais. Entretanto, intoxica os peixes que vivem no lago, e todo o ecossistema.
Como os peixes são de grande consumo da população, se torna iminente que esta também sofra com a intoxicação pelos agrotóxicos. Tudo isso poderá se tornar um problema de saúde pública. Sem um preparo adequado para tratar problemas de saúde relacionados à intoxicações, e sem nem mesmo um diagnóstico relacionado, a população estará indefesa contra tais problemas de saúde.
Visão diferente
Para o advogado Fábio Moreira, e integrante da Associação dos Plantadores de Arroz, talvez não estejam. Ele afirmou durante a audiência que o plantio de arroz deve ser analisado com calma. Declarou também que muitos produtores estão sendo maltratados na região. “Os produtores rurais estão sendo tratados como bandidos por algumas pessoas da cidade. São muitas famílias vivendo aqui do cultivo do arroz de várzea. São trabalhadores, pais de família. Não são bandidos”, disse ele.
Durante o discurso, Fábio frisou diversas vezes o quanto as famílias dependem dessa plantação. Levantou também a questão de o Lago de Viana sofrer outras agressões que também devem ser discutidas, a exemplo da extração de areia, construção de casas e açudes particulares na área, e da criação de búfalos. E questionou: “Agora todos os problemas são ocasionados somente pelo arroz?”. O promotor Raimundo Barros, ao conversar com a equipe de reportagem, também relembrou a necessidade dessas famílias em sobreviverem do arroz.
O representando da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, o analista ambiental César Carneiro, durante a audiência, de prontidão declarou que a atividade da cultura de arroz local está sendo feita sem a licença ambiental. De acordo com ele, produtor tem que ter um documento que autorize a produção, pois são áreas públicas, de Proteção Ambiental, da União e do estado.
Entretanto, quase nenhuma família possui toda a documentação, por praticarem agriculturas artesanais, de forma manual. Mas, mesmo constatando a irregularidade, César não falou negativamente sobre o plantio.
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