Marqueteiros e cientistas políticos concordam que uma eleição costuma ser ganha por quem erra menos durante a campanha.
Ciro Gomes perdeu para seus próprios erros quando se candidatou a presidente em 1998 e 2002. Chamou eleitor de burro. Fez brincadeira de mau gosto com o papel de sua mulher na campanha.
Ainda estamos na fase da pré-campanha dos candidatos à sucessão de Lula.
Campanha de verdade só começará depois da Copa do Mundo, ali por meados de julho.
Erros cometidos na fase de pré-campanha tendem a ser esquecidos. E quase nunca provocam danos irreparáveis.
Até aqui, Serra não errou. O reconhecimento é unânime entre seus adversários.
Venceu a disputa interna com Aécio Neves sem deixar que ela os separaesse.
Empregou Geraldo Alckmin no governo e promoveu-o a candidato ao seu lugar.
Pressionado a se lançar logo candidato, não o fez. Escapou assim de se tornar alvo de ataques antes do tempo.
Dilma tem errado. E é por isso que os responsáveis por sua futura camanha se reuniram ontem à noite em Brasília dispostos a refletir sobre os erros e a cuidar para que não se repitam.
Falta um discurso para Dilma. Confrontar as realizações do atual governo com o passado não é discurso. É um recurso secundário, marginal.
Oferecer-se como legítima continuadora da obra de Lula não é discurso. Pode soar apenas como um argumento eficiente de propaganda.
O que Lula fez de bom já foi feito. E ficará. Foi ele que fez. O que Dilma pretende fazer?
Por ora, falta comando na campanha de Dilma. Ou melhor: o comando parece fragmentado.
É natural que se monte um grupo para comandar a campanha e que se divida as tarefas. É assim que funciona em toda parte.
Isso ocorreu, por exemplo, nas duas campanhas de Fernando Henrique Cardoso para presidente. E nas duas de Lula.
Mas havia um Sérgio Motta nas campanhas de Fernando Henrique. E um José Dirceu nas de Lula.
Na de Dilma não existe. Ou talvez Sérgio Motta e José Dirceu sejam ela mesma.
Dilma é inexperiente para assumir um papel desses.
Lula não pode assumir - pelo menos durante o expediente como presidente da República.
Campanha fracassa quando muitos mandam nela - ou quando ninguém de fato manda.
Quem entende de marketing numa campanha é o marqueteiro.
Se ele, sozinho, soubesse de tudo, entendesse de tudo e decidisse uma eleição, poderia um dia virar candidato. Nenhum virou até hoje.
Mas depois do candidato e do chefe da campanha, o marqueteiro é a figura mais importante.
Se ele não tiver poder para intrerferir em todas as áreas de comunicação da campanha, o desastre é previsível.
Duda Mendonça teve esse poder na campanha de Lula de 2002 - assim como antes tal poder foi exercido por Geraldo Walter na campanha de Fernando Henrique em 1994 e Nizan Guanaes na seguinte.
João Santana Filho teve o mesmo poder na campanha de Lula de 2002. Pelo visto, não terá agora na de Dilma.
Foi Lula que escalou João Santana. Dilma preferia Duda, descartado devido às lembranças do mensalão.
Santana vai produzir os programas de televisão e de rádio, as peças mais relevantes de uma campanha. Mas a comunicação via internet não dependerá dele. A assessoria de imprensa da campanha, também não.
Ou todas essas áreas - e outras, como a de eventos, por exemplo - seguem uma mesma orientação ou tudo desanda.
Esse é um dos muitos riscos que ameaçam a campanha de Dilma. Grave risco.
Pescado do blog do Noblat
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