sexta-feira, 15 de outubro de 2010

MIOPIA POLÍTICA EM VIANA


Por Luiz Morais

No início de 2005, a administração da Prefeitura de Viana estava condenada ao fracasso; acéfala, sem rumo e sem norte, principalmente pela inexperiência do seu novo titular.

O então governador José Reinaldo administrava o Estado montado em um apartheid político em função do seu rompimento com o grupo Sarney.

O prefeito de Viana, Rilva Luis, aliado de Roseana, amargava o isolamento por conta desse período conturbado. O Estado não olhava para a Cidade dos Lagos, e a Prefeitura não dispunha de quadros competentes para negociar apoios e buscar verbas no Palácios dos Leões, tampouco verbas federais em Brasília. Foi então que, antevendo o novo embate eleitoral ao Governo do Estado, a senadora Roseana, com o aval do pai, o senador José Sarney, designou o deputado Chico Gomes (DEM), aliado fiel, a montar um grupo de peso político para salvar a administração vianense. Entre eles estavam os ex-prefeitos Walber Duailibe e Djalma Campos (ambos já falecidos); o ex-vereador e agora vice-prefeito Benito Filho; o advogado Ezequiel Gomes; lideranças locais e o próprio Chico Gomes, que se empenhou em conseguir convênios, principalmente para calçamento e asfaltamento de ruas, energia elétrica nos povoados, casas populares, entre outros.

Os gabinetes de Roseana no Senado e de importantes ministérios estavam abertos para Viana. Aí, veio a eleição de 2006, mas Roseana foi derrotada por Jackson Lago. Viana continuou abandonada. Entretanto, a Prefeitura começava finalmente a deslanchar, com algumas obras e mais forte politicamente. Estava montado um sólido grupo lastreado no Partido Verde, que se consolidou com a reeleição de Rilva, em 2008.

Estranhamente, depois de reeleito, o nosso alcaide se transformou em uma “Rainha da Inglaterra”. Somente os familiares, amigos de bairro e também de esbórnia passaram a ter acesso e fazer parte do seu séquito.

Os apoiadores políticos foram deixados de lado.

Diante dessa postura indiferente, ausência do Município, inadimplência da Prefeitura com o INSS, várias contas reprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado e quase nenhum empenho administrativo, os convênios assinados em Brasília foram sumindo e/ou perdidos na burocracia federal. Até um recente concurso público para ocupar 750 vagas virou um imbróglio jurídico, no qual só 45 aprovados foram chamados após uma batalha nos tribunais. Os outros continuam aguardando por seus empregos conquistados por direito.

Tal qual o "Triste fim de Policarpo Quaresma", no romance de Lima Barreto, cujo personagem principal é um idealista apaixonado pelo Brasil que vê suas ideias e seu patriotismo serem motivo de chacota e de isolamento, enquanto políticos corruptos e personagens vazios formam a elite do país, assistimos entristecidos a mais uma jornada política vianense caminhar para o ostracismo, patrocinada por atores que não cumpriram suas promessas, tampouco estão se importando com as conseqüências advindas da irresponsabilidade dos seus atos. Triste fim!

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