O xadrez da eleição vianense (I)

Um choque de gestão para Viana
 

Ruas vianenses - retrato do caos. Foto: J.Garcia

Nem sempre a reeleição de um político para cargos majoritários ocorre devido à aceitação do seu desempenho como administrador e também pela responsabilidade com o patrimônio público. O caso vianense é emblemático. Elegemos um jovem inexperiente, fabricado para o cargo, que logo se deparou com enormes dificuldades para cuidar de uma cidade cheia de contrastes. 

Passamos quatro anos tolerando a inexperiência, mas com esperança que as coisas pudessem melhorar. Por incrível que pareça, depois de reeleito o nosso alcaide ganhou larga experiência: a experiência de não fazer nada e ainda bater o recorde de ter quatro contas reprovadas pelo TCE – Tribunal de Contas do Estado!
 
Agora, depois de sete anos, com a cidade em clima de fim de festa, o prefeito tenta remendar algumas obras já existentes. Tudo em vão, o leite está derramado; Inês é morta!
 
O prefeito Rilva Luís, em quase oito anos de mandato, perdeu a grande oportunidade de marcar o seu nome na história como um dos melhores gestores vianenses, pelo fato de NÃO construir mais escolas; postos de saúde; um novo matadouro; um aterro sanitário, sanear as contas do município, para se credenciar e receber investimentos federais e estaduais; alavancar aspectos culturais (fora do Bumba-Meu-Boi, Carnaval e Festival do Peixe); Os nossos belos casarões coloniais estão todos desabando e não existe qualquer interesse junto aos órgãos oficiais para preservá-los; a nossa agricultura praticamente inexiste, sem nenhum programa que auxilie o homem do campo. Viana conta com centenas de latifúndios improdutivos, cercados, onde não se produz um pé de quiabo ou maxixe, porém, alguns agricultores e outros espertalhões preferiram inundar o lago com um plantio predatório de arroz, nas barbas da Justiça, com a total permissividade da prefeitura. O sistema de abastecimento de água entrou em colapso e até o benefício obtido junto ao Governo Federal para resolver em definitivo o problema virou um elefante branco. Isso sem contar a violência oriunda do tráfico e o consumo de crack, entre outras drogas, que atingem jovens de todas as classes, principalmente pela falta de trabalho ou políticas públicas sociais e esportivas.
 
Como se observa, Viana tem inúmeros desafios pela frente para o próximo comandante. Por isso o Blog elenca aqui mais dois nomes analisados a partir das suas histórias políticas (de conhecimento público) além das suas capacidades para exercer o cargo, afinal, uma cidade com 254 anos merece um prefeito a altura da sua importância histórica, cultural e estratégica para a Baixada Maranhense. 

Mais dois candidatos:
 

Francisco Gomes (Chico Gomes) natural de Matinha (MA). Formado em Filosofia pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), exerceu em sua vida pública - entre outros cargos - a chefia da Gerência de Viana, no Governo Roseana (1999 a 2002), sendo eleito deputado estadual em 2002, cargo que ocupou até 31 de janeiro de 2010. Atual Secretário de Estado de Desenvolvimento Humano.
 
Raposa velha do cenário político, Chico pode ser o novo integrante do “consórcio” de pré-candidatos colocados no tabuleiro pela Prefeitura de Viana. Porém, com um pré-requisito que nenhum dos outros tem e nem podem almejar: ser ungido pelo grupo Sarney e indicado de cima para baixo, desde que o prefeito Rilva Luis não bote o pé na parede e aceite de bico calado o indicado de Roseana.
 
Chico obteve 31.626 votos na última eleição para deputado, com expressiva votação na baixada, porém em Viana sua votação foi pífia (4.232 votos) fator que ele considerou decepcionante e decisivo para não renovar o seu mandato para a Assembleia Legislativa. Depois da não reeleição, o deputado se fechou em copas, agradeceu a votação que teve nas outras cidades da Baixada, mas sabe-se que teria ficado furioso com Rilva, que segundo informações, lhe prometera nove mil votos, mas no frigir dos ovos, o alcaide vianense liberou o seu curral eleitoral e ainda avalizou a campanha da irmã e atual secretária de saúde do município, Rivalgênia, em favor do petista Roberto Costa.
 
Todavia, como já citamos neste Blog, na dinâmica da política até “boi voa” e o que vale para os políticos nem sempre é aquilo que eles se esgoelam nos palanques e sim o que as conveniências decidem, na calada da noite, entre quatro paredes, longe da bisbilhotice de quem vota e elege.
 
E, neste caso, a equação é até simples de entender: Rilva é aliado de Roseana – pelo menos nas fotos para revista – visto que em Viana é total a ausência de obras do governo do estado. Por outro lado, Chico Gomes sempre foi leal ao seu grupo político, tampouco ficou preocupado em ficar fora do cenário das eleições municipais. Assim que manifestou o desejo de ser candidato a prefeito de Viana, cidade onde estudou e adotou também como sua terra natal, o atual secretário já devia estar com a “carta na manga” e o aval do Palácio dos Leões. Sendo assim, só restaria ao prefeito de Viana indicar um vice. 

Aqui um parêntese para falarmos de coligações partidárias. Rilva poderá até tentar emplacar um vice do seu partido, o PV ou algum aliado, desses que ele já atirou para as piranhas no lago, porém, um dos braços fortes do seu grupo, herança do ex-prefeito Messias Costa (falecido) é o PT, que com certeza vai exigir a indicação, visto que qualquer composição em Viana deverá passar antes pelo crivo do vice- governador Washington Oliveira e do presidente da sigla, Raimundo Monteiro. Alguém pode adivinhar quem será o escolhido (???)
 
Segundo informações, a decisão de Chico de ser candidato são favas contadas e só não ocorrerá se os números das pesquisas revelarem que, ao contrário do que pensa, o secretário não estiver assim tão bem na cidade. O resto é conversa para boi dormir e os outros integrantes do grupo de Rilva se quiseram continuar, que balancem a cabeça igual calango, porque agora o jogo está começando pra valer.

Marcone Veloso - Ex-vice prefeito de Viana, médico veterinário, professor, empresário (Colégio Paralelo). Recentemente mostrou força e prestígio político ao tomar posse na AVL – Academia Vianense de Letras, acompanhado de amigos, familiares, colegas, professores e admiradores, em solenidade que contou ainda com as presenças do Secretário de Estado do Desenvolvimento Social, Francisco Gomes, do Deputado Raimundo Cutrim, do Secretário de Relações Institucionais, Rodrigo Comerciário (que representou a governadora), do bispo da Diocese de Viana, D. Sebastião Lima Duarte, e do prefeito de Matinha, Emanoel Travassos.
 
Marcone, pode se afirmar foi uma das primeiras vitimas da “máquina de moer aliados” do atual grupo que domina a política vianense. Junto com o petista Messias Costa (já falecido) formou uma vitoriosa chapa de jovens políticos, cheios de sonhos e esperança por dias melhores na Cidade dos Lagos, na surpreendente eleição de 1996.
 
Inexperientes em cargos públicos, Messias e Marcone logo bateram cabeça diante do grupo administrativo montado a partir dos movimentos sociais e da forte influência exercida pelo irmão do petista, Zé Carlos Costa, hoje secretário de articulação política do município. Contador experiente, conhecedor da máquina vianense, Zé Carlos deu as cartas nos dois mandatos do irmão, provocou ciúmes e também a debandada de vários aliados, inconformados por não concordarem (ou ficarem de fora) do “bolo oficial” que começava a ser confeitado, até virar fonte de receitas para o enriquecimento ilícito de dezenas de “companheiros”, muitos deles, hoje, comungando em outras paragens, distantes dos ideais socialistas de Messias.
 
Marcone, a exemplo de Benito Filho, também jogou a toalha e foi cuidar dos seus negócios. Mudou de partido, tentou derrotar o antigo companheiro de chapa, aliando-se a Walber Duailibe, não obtendo êxito. Mesmo assim, nunca abdicou do sonho de virar prefeito da sua terra natal e, mesmo não concorrendo em outros pleitos, sempre fez parte das articulações de candidaturas, mantendo um grupo que, se ainda não dispõe de força para se impor perante o aparato da máquina da prefeitura, continua combatendo aquilo que ele considera nocivo e prejudicial aos destinos de Viana.
 
Segundo afirmou, a sua participação ou não como candidato em outubro, não seria um mero desejo pessoal, mas sim a decisão consensual do grupo político do qual faz parte. É um nome que tem história, militância social e amplas condições intelectuais de ser o próximo mandatário vianense, além de se constituir em mais uma boa opção fora dos "pré-fabricados" de Rilva.

Em breve, novas análises.