sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Grupos de bumba meu boi da Baixada defendem autonomia

Debates na II Semana Cazumba, em Viana, apontam soluções para a independência financeira dos grupos.

Representantes de bumba meu boi da Baixada discutem a sustentabilidade dos grupos
Viana - A sustentabilidade dos grupos de bumba meu boi da Baixada Ocidental Maranhense foi a questão focal apontada pelos 58 representantes dos grupos da região reunidos na oficina Subsídios para elaboração do Plano de Salvaguarda do Bumba meu boi da Baixada, realizada durante a II Semana Cazumba, que começou segunda-feira (10) e terminará amanhã, no município de Viana, com a presença de artistas da cultura popular de vários municípios da Baixada Maranhense. A promoção é da Fundação São Sebastião, com patrocínio do Banco do Nordeste do Brasil, por meio do BNB Cultura 2012, em parceria com o BNDES. 

A oficina teve a colaboração de técnicos de várias áreas, entre os quais, a antropóloga Izaurina Nunes, da Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Maranhão (Iphan), que apoiou o evento; o diretor do Museu Casa de Nhozinho e pesquisador da Secretaria de Estado de Cultura (Secma), Jandir Gonçalves, e da professora e pesquisadora da Universidade Federal do Maranhão Elisene Matos.

Realizada em três momentos (Exposição sobre a salvaguarda, grupos de trabalho e plenária), a oficina resultou na identificação de demandas apresentadas pelos integrantes dos grupos participantes a serem incorporadas ao Plano de Salvaguarda do Bumba meu boi, que será executado pelo Comitê Gestor da Salvaguarda do Bumba meu boi, onde terá assento um representante dos bois da região da Baixada Maranhense.

Representantes de alguns grupos, como Capitolina dos Santos, do Boi Linda Jóia de São João, do município de Matinha; e José Gonzaga, do Boi Flor do Gado, do povoado Ricoa, em Viana, defenderam a necessidade de se preservar algumas características do bumba meu boi, principalmente a representação da matança, que está se perdendo nos últimos anos.

Narcizo Barros Freitas, do Boi Touro Vianense, da Vila Zizi, em Viana, destacou a questão da dependência que os grupos estão tendo, cada vez mais, do poder público, notadamente prefeituras e Governo do Estado. Como alternativa de sustentabilidade para se manterem, eles propuseram que os grupos mantenham barracas em arraiais, durante os festejos juninos. Para eles, a autonomia dos grupos é fundamental para a preservação das características tradicionais da brincadeira e para que estejam menos vulneráveis a influências de lideranças políticas locais. 

Importância - Durante a oficina, foi explicado o significado de salvaguarda e qual a importância dessa ação para a preservação da identidade dos grupos de bumba meu boi. "A salvaguarda nada mais é que o trabalho pensado e construído coletivamente no sentido de garantir a preservação e continuidade do bem cultural registrado. Para isso, é fundamental a participação dos detentores do bem cultural porque são eles que vivenciam os problemas e as dificuldades cotidianamente. Portanto, só eles podem definir que ações podem ser desenvolvidas no sentido dessa preservação e é por isso que o Iphan está visitando à Baixada e fazendo esse contato diretamente com os grupos de boi da região", afirmou Izaurina Nunes.

Fonte: Jornal O Estado do Maranhão - Caderno Alternativo

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