Blog do Ed Wilson
Em 2003, explosão na Base de Alcântara, no Maranhão, abalou
o programa espacial brasileiro. Foto: Ed Ferreira/Estadão
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Pela sua localização geográfica, próxima à linha do Equador,
Alcântara ocupa uma posição estratégica na corrida espacial internacional.
A proximidade com o Equador oferece a Alcântara economia de
combustível na propulsão dos foguetes, se comparada a outras bases nos Estados
Unidos e na Ásia.
Desde 2006, Brasil e Ucrânia selaram um acordo de cooperação
para o lançamento de foguetes propulsores de satélites – o Alcântara Cyclone
Space (ACS). O projeto já teria consumido R$ 1 bilhão dos dois países e os
prazos não foram cumpridos.
Segundo os termos da parceria ACS, o Brasil entra com a base
e a Ucrânia fabrica o foguete, o Cyclone 4, cuja promessa de lançamento é para
2015.
Mas, diante da instabilidade política na Ucrânia, não há
garantia de cumprimento do prazo. O foguete deveria ter ido para o espaço em
2010, ao fim do segundo mandato do presidente Lula, mas não subiu.
A parceria visa explorar serviços de lançamento de satélites
e recuperar a credibilidade da base de Alcântara, abalada com a explosão do
Veículo Lançador de Satélites (VLS), em 2003, que retardou o programa espacial
brasileiro.
21 pessoas morreram no acidente. Todos civis.
Alcântara e o espaço
O processo de implantação da Base de Alcântara foi marcada
por vários conflitos, principalmente relacionados às áreas quilombolas, no
território requerido para as instalações do centro de lançamento.
Várias comunidades tradicionais tiveram de ser removidas dos
seus sítios originais, onde estavam enterrados avós e bisavós, e transferidos
para as agrovilas construídas pela Aeronáutica.
Os quilombolas contestavam as condições de subsistência nas
agrovilas, instaladas em terras não propícias à agricultura e ao extrativismo.
Os conflitos revelaram um dos maiores paradoxos do Maranhão:
o mesmo lugar onde se lançam foguetes não desenvolve soluções simples para
melhorar a vida das pessoas pobres.
É foguete no céu e fome na terra.
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