segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A melhor tese de Flávio Dino: Choque de Capitalismo no Maranhão


Ed Wilson Araújo *

Os leitores deste blogue podem ver novamente o artigo Por umchoque de capitalismo no Maranhão, escrito em 2012.

Naquele texto, eu analisei as questões mais profundas que atrasam o nosso desenvolvimento: clientelismo, corrupção e patrimonialismo.

Esses trigêmeos dominam o governo e as prefeituras desde a pré-história do vitorinismo, estendendo-se até os últimos 50 anos da era Sarney.

Eleito governador em 2014, Flavio Dino (PCdoB) já anunciou em várias entrevistas que vai introduzir o capitalismo no Maranhão.

Não precisa muito esforço para entender a tese. Basta viajar pelas nossas estradas e chegar a qualquer município pequeno ou médio.

Só há duas imagens. Nas estradas, o latifúndio improdutivo e as casas de taipa. Nas cidades, o atraso total.

Esse cenário só muda se houver alterações profundas no modo de produção.

O Bolsa Família já cumpriu a primeira etapa, ao libertar as pessoas pobres dos favores e migalhas dos vereadores e prefeitos, que sempre trataram a coletividade como gado, transformando as pessoas em animais, presas aos currais (eleitorais).

Agora, é chegado o momento de evoluirmos do assistencialismo ao capitalismo.

OUTROS CAPITAIS

Para quebrar o ciclo vicioso do atraso é necessário, em primeiro lugar, libertar as prefeituras da agiotagem, esquema que financia as campanhas eleitorais e controla o dinheiro das prefeituras e as bancadas parlamentares.

O Maranhão precisa abrir as portas aos investimentos privados que introduzam uma nova dinâmica nas cidades: empresas competitivas atuando na produção, geração de emprego e renda, mediante contrato de trabalho, carteira assinada, férias, FGTS, auxílio-alimentação etc.

Concorrendo com o capital produtivo, a agiotagem vai reduzir consideravelmente o controle sobre as administrações municipais e os parlamentares.

O capital “limpo” do capitalismo produtivo é fundamental para implantar uma nova cultura política nos municípios.

A introdução de empreendimentos privados leva à geração de empregos e à dinamização da economia local, questões fundamentais para quebrar o ciclo vicioso entre os prefeitos e os agiotas.

MUDANÇA POLÍTICA

No Maranhão, predomina uma rede de corrupção com tentáculos em todas as dimensões e várias instituições.

Esse modelo sustentou uma aristocracia parasita, inimiga do trabalho e beneficiária da corrupção que produziu o atraso econômico e a miséria de milhões de maranhenses.

Para quebrar esse esquema, a “mão invisível” do mercado pode cumprir uma tarefa essencial no desmonte do sistema oligárquico instituído no clientelismo e no patrimonialismo.

Nesse contexto, cabe ao governo comunista o papel de incentivar e regular o ingresso do capital produtivo no Maranhão.

Quando digo “regular”, entenda-se o estabelecimento de relações republicanas e democráticas no processo de atração dos empreendimentos, sem privilégios aos aliados e financiadores de campanha.

O primeiro sinal de mudança do governo Flávio Dino (PCdoB) deve ser a criação de uma plataforma de acompanhamento de todas as licitações, contratos e atos institucionais, aberta ao amplo conhecimento da população.

Sem transparência, não há mudança!

Não adianta trocar as empresas de Edinho Lobão e Fernando Sarney por outros esquemas de aliados comunistas.

É urgente quebrar o monopólio e democratizar a concorrência, destruindo a aristocracia parasitária que domina os negócios com o governo.

LATIFÚNDIO E DIVERSIDADE

O Maranhão precisa também multiplicar e dinamizar os arranjos produtivos no campo. Até agora, temos dois extremos: a pequena agricultura familiar e o agronegócio.

A monocultura de soja e eucalipto avança a cada dia no controle de terras em todas as regiões do Maranhão – do sul ao baixo Parnaíba.

A expansão da fronteira da soja é nociva ao meio ambiente e expulsa o pequeno agricultor do campo, que acaba vendendo suas terras ao agronegócio altamente competitivo.

Diante desse cenário, há espaço para outros arranjos produtivos: médias empresas de agroindústria precisam invadir o Maranhão.

A única maneira de preservar as terras dos pequenos e médios produtores é torná-los competitivos, com acesso ao crédito, maquinário e assistência técnica de ponta.

O capitalismo precisa chegar ao campo beneficiando os pequenos e médios produtores. É a única forma de impedir a expansão ilimitada das fronteiras da soja e do eucalipto.

OUSADIA E CORAGEM

A aristocracia parasita do Maranhão precisa ser exterminada pela ação do capitalismo produtivo e competitivo.

Para realizar essa tarefa, o novo governo precisa ser ousado e corajoso.

A missão histórica do governo comunista é destruir a cultura política oligárquica que sustentou uma elite perversa, asquerosa, sócia do ócio, inimiga do trabalho e da produtividade.

O choque de capitalismo, portanto, é fundamental para destruir os parasitas instalados no Palácio dos Leões, com seus tentáculos em quase todos os municípios.

Só o liberalismo é capaz de libertar o Maranhão, rompendo com o coronelismo e o sistema oligárquico que sempre impediu o nosso desenvolvimento.

O Maranhão, sempre caminhando por vias tortas, pode construir um futuro justo optando pelo modelo injusto – o capitalismo produtivo e competitivo.

É pela antítese que se pode construir a síntese de um futuro melhor.

No governo comunista, é chegada a hora da “revolução” capitalista.

* Ed Wilson Araújo é jornalista, professor da UFMA e doutorando em Comunicação pela PUCRS.

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