por Helio
Gurovitz
O
historiador britânico Timothy Garton Ash lançou na semana passada um livro em
que discute os desafios da liberdade de expressão na internet. EmFree Speech:
ten principles for a connected world, tema de minha coluna desta semana na
revista Época, Ash elenca dez princípios que, diz ele, podem ajudar a
humanidade a estabelecer um terreno comum para defender a liberdade diante das
ameaças dos governos autoritários, do fanatismo religioso, da histeria
politicamente correta e do discurso de ódio. Ele é um otimista.
Acredita
que, com base nessas ideias, a razão há de prevalecer. Basta entrar agora mesmo
em qualquer rede social ou acompanhar o cerceamento ao discurso livre em
universidades e países onde a imprensa sofre censura, para entender quanto de
ingenuidade pode haver nessa atitude.
Apesar disso
e de algumas falhas em seu trabalho, os princípios levantados por Ash são
louváveis. Ele está correto no diagnóstico e aponta, ao menos, uma base para
enfrentarmos o problema e encaminharmos uma solução par um de nossos maiores
desafios contemporâneois. Eis, traduzidos literalmente, seus dez princípios:
1) Nós –
todos os seres humanos – precisamos ser livres e capazes de nos expressar e de
buscar, receber e transmitir informações e ideias, independentemente de fronteiras;
2) Nós não
fazemos ameaças de violência, nem aceitamos intimidação violenta;
3) Nós não
permitimos tabus contra e aproveitamos todas as oportunidades para a
disseminação de conhecimento;
4) Nós
exigimos meios de comunicação sem censura, diversos e confiáveis, de modo que
possamos tomar decisões bem-informadas e participar plenamente da vida
política;
5) Nós nos
expressamos abertamente e com civilidade robusta sobre todos os tipos de
diferença humana;
6) Nós
respeitamos quem tem fé, mas não necessariamente o conteúdo de sua crença;
7) Nós
devemos ser capazes de proteger nossa privacidade e de combater ataques à nossa
reputação, mas não de impedir o escrutínio de interesse público;
8) Nós
devemos ter o poder de desafiar todos os limites à liberdade de informação
jusrificada em termos como a segurança nacional;
9) Nós
defendemos a internet e outros sistemas de comunicação contra a apropriação
ilegítima por interesses tanto públicos quanto privados;
10) Nós
decidimos por nós mesmos e enfrentamos as consequências.
Alguns
desses princípios são discutíveis, é verdade. Mas de que serve a liberdade,
senão para a discussão?
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