Valor é mais que o dobro da perda dos homens brancos, segundo o Ipea; a cada 3 homicídios no País, em 2 a vítima é negra
A expectativa de vida de um homem negro no Brasil é 1,73 ano
menor do que deveria ser por causa da violência - o valor é mais do que o dobro
da perda dos homens brancos. Os dados, levantados pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea), mostram que, a cada três homicídios no Brasil, em
dois a vítima é negra.
Para além das causas socioeconômicas, a maior razão das
mortes violentas dos negros, diz a pesquisa, é o racismo. Informações sobre
mortalidade do Censo 2012, usadas pelos pesquisadores, mostram que a taxa de
mortes violentas entre os negros é de 36 mortes por 100 mil. Entre os não
negros, de 15,2. A principal conclusão da pesquisa é que a cor aumenta a
vulnerabilidade dos negros, que correm 8% mais riscos de se tornarem vítimas de
homicídio do que um homem branco, ainda que nas mesmas condições de escolaridade
e características socioeconômicas.
"O negro é duplamente discriminado no Brasil, por sua
situação socioeconômica e por sua cor de pele. Essas discriminações combinadas
podem explicar a maior prevalência de homicídios de negros vis-à-vis o resto da
população", diz o estudo. Variáveis como educação, emprego, renda e
localização do domicílio explicariam, segundo o estudo, apenas 20% da diferença
no número de mortes entre negros e brancos. O restante estaria ligado à cor da
pele.
No Espírito Santo, por exemplo, homens negros perdem 5,2
anos em sua expectativa de vida e, na Paraíba, 4,8 anos. Nos dois casos, a
queda na expectativa de vida do grupo é causada basicamente por homicídios.
Protesto. Para protestar em São Paulo contra a violência que
atinge "pretos, pobres e periféricos", sai hoje da Avenida Paulista a
Marcha da Consciência Negra, com destino ao Teatro Municipal. Entre os
organizadores está o professor universitário Ailton dos Santos, de 46 anos. Ele
é negro e morador do Mandaqui, na zona norte.
Santos calcula que já tenha perdido 50 amigos assassinados.
"Ao menos 40% dos meus amigos de infância e adolescência morreram",
diz. Há quatro meses, quando andava pelos Jardins, foi abordado por policiais,
que perguntaram: "O que está fazendo aqui?". Foi uma entre as mais de
30 abordagens constrangedoras que já recebeu.
Fonte: MSN
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