segunda-feira, 21 de novembro de 2011

127 reais


O Brasil descobre mais uma vez a extrema pobreza dos maranhenses. Gente vivendo com 127 reais por mês, como se aqui fosse um gueto de Varsóvia em plena segunda guerra mundial. Os maranhenses, como cantado no poema de Patativa do Assaré, veem passar setembro, outubro e novembro e já estão em dezembro perguntando: "Meu Deus, o que é de nós"?

Não estamos vivendo o flagelo das secas quando o sol castiga impiedosamente a terra e a chuva não cai e as verduras não nascem, as árvores não crescem e o homem do campo não tem o que comer. Mas, mesmo assim, há fome no Maranhão.

Esse chão rachado do Nordeste pode até ser culpa da natureza, mas a miséria absoluta é culpa dos governantes que roubam os sonhos de nossos filhos e fazem daqui um território de maldições. Longe, muito longe das consciências humanas existe uma lei, e ela diz que o homem não pode ser lobo do próprio homem. Só que essa fome, esses 127 reais é que criam assaltantes, crianças sem futuro e a prostituição.

A sanha vogal e singular dessa sociedade que se estrepa em erros e pecados não mudará o fato de que para além do nosso corpo físico tem as nossas almas. É preciso, então, que fiquemos protegidos dos nossos ressentimentos, medos e raivas.

Há que se entender que o mundo só mudará se nós mudarmos, e que o Maranhão, esse pequeno buraco encravado num Brasil de 8 milhões e 500 mil quilômetros quadrados, precisa, urgentemente, reverter sua História.

É domingo e esse editorial que não será entendido só quer dizer que os males são infinitos e que, em algum lugar, por algum motivo, necessitamos da canção de Deus. A miséria absoluta e a fome sempre existirão na dependência dos que nos governam. Façam alguma coisa, senhores, para que o Maranhão não continue sendo campeão de mortalidade infantil e o Estado mais triste e pobre desse país. (Editorial do Jornal Pequeno, 20/11/2011)

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