Um relatório divulgado nesta quarta-feira (29) pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)
aponta que o Brasil aparece em 8° lugar entre os países com maior número de
analfabetos adultos. Ao todo, o estudo avaliou a situação de 150 países.
De acordo com a mais recente Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios (Pnad), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) em 2012 e divulgada em setembro de 2013, a taxa de
analfabetismo de pessoas de 15 anos ou mais foi estimada em 8,7%, o que
corresponde a 13,2 milhões de analfabetos no país.
Em todo o mundo, segundo o 11° Relatório de Monitoramento
Global de Educação para Todos, da Unesco, há 774 milhões de adultos que não
sabem ler nem escrever, dos quais 64% são mulheres. Além disso, 72% deles estão
em dez países, como o Brasil. A Índia lidera a lista, seguida por China e
Paquistão.
O estudo também mapeou os principais desafios da educação no
planeta. A crise na aprendizagem não é só no Brasil, mas global. Para a Unesco,
o problema está relacionado com a má qualidade da educação e a falta de
atrativos nas aulas e de treinamento adequado para os professores.
No Brasil, por exemplo, atualmente menos de 10% dos
professores estão fazendo cursos de formação custeados pelo governo federal,
segundo dados do Ministério da Educação (MEC). Entre os países analisados, um
terço tem menos de 75% dos educadores do ensino primário treinados.
Sobre os investimentos na área, das 150 nações analisadas,
apenas 41 atingiram a meta da Unesco, ou seja, aplicaram em educação 6% ou mais
de seu Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todas as riquezas geradas.
O Brasil é um deles, mas o gasto anual por aluno da educação básica é de cerca
de R$ 5 mil. Em países ricos, esse valor é três vezes maior.
Meta até 2015
No Fórum Mundial de Educação realizado em 2000, 164 países
(entre eles, o Brasil), 35 instituições internacionais e 127 organizações não
governamentais (ONG) adotaram o Marco de Ação de Dacar, em que se comprometem a
dedicar os recursos e esforços necessários para melhorar a educação até 2015.
Na ocasião, foram traçados seis objetivos: os países devem
expandir os cuidados na primeira infância e na educação; universalizar o ensino
primário; promover as competências de aprendizagem e de vida para jovens e
adultos; reduzir o analfabetismo em 50%; alcançar a paridade e igualdade de
gênero; e melhorar a qualidade da educação.
Segundo o relatório da Unesco, esse compromisso não deve ser
atingido globalmente, apesar de alguns países terem apresentado avanços nos
últimos anos.
Em todo o mundo, a taxa de alfabetização de adultos passou
de 76% para 82% entre os períodos de 1985-1994 e 1995-2004. Mas, por região, os
índices ainda permanecem bem abaixo da média na Ásia Meridional e Ocidental e
na África Subsaariana (ao sul do deserto do Saara), com aproximadamente 60%.
Nos Estados Árabes e no Caribe, as taxas estão em cerca de 70%.
Do Globo.com
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