A Baixada Maranhense, formada por uma planície coberta sobre
a qual esparrama-se um imenso pantanal na estação das chuvas, entre janeiro e
julho, está à beira de um colapso, provocado pela seca. E sua economia de
subsistência, de baixo investimento em setores produtivos ou de serviços, segue
junto. Apesar de ser uma das regiões em que, graças à proximidade com a
capital, nasceram inúmeros intelectuais, políticos que governaram o Maranhão e
até o Brasil, como José Sarney, além de integrantes do Judiciário e do
jornalismo, a Baixada vive no abandono.
População padece
Com os seus lagos estorricados, quem padece mais é a
população. São 20 mil quilômetros quadrados e 21 municípios que abrigam uma
população de pouco mais que a metade da Capital. Paradoxalmente, a Baixada
possui uma bacia hidrográfica abundante, mas a maioria de suas cidades está
entre as 30 de piores indicadores sociais do Maranhão, sobre os quais o governo
Flávio Dino, que é filho de São Luís, criou o programa Mais IDH.
A grilagem age
Os campos inundáveis passaram de áreas publicas de
preservação ambiental para criadouros de búfalos. A grilagem agiu
descaradamente, entupindo os lagos, com um imenso rebanho bubalino, trazido, na
década de 60, da Ilha de Marajó, como a “redenção econômica” da região. Hoje,
os campos estão cercados de arame farpado, os pescadores não têm o que pescar e
debandam para as periferias de São Luís, inchando os indicadores sociais de
pobreza e de violência.
Búfalos estão morrendo
A longa estiagem secou os campos. Até os búfalos estão
morrendo atolados, numa área em que o pisoteio deles provoca todo tido de dano
ambiental ao ecossistema que servia aos peixes e às aves. As autoridades,
coniventemente, assistem à invasão dos campos, todos cercados de conflitos
sociais, agravados entre moradores e “donos” da área, que a Constituição
Estadual define claramente como sendo pública. Ali está um dos mais belos
conjuntos de lagos e lagoas naturais do Brasil.
Lei não é respeitada
Apesar de ter sido transformada em Área de Proteção
Ambiental em 1991, nada do que está na lei é respeitado. Os desmatamentos e
queimadas – para implantação de barragens e projetos de irrigação nas margens
dos rios, a criação extensiva de búfalos – afetam seriamente o equilíbrio
ambiental. Tudo acontece às vistas de quem deveria proteger.
Rica em fauna e flora
A Baixada ainda abriga o maior conjunto de bacias lacustres
do Nordeste, onde se destacam os lagos Açú, Verde, Formoso, Carnaúba e Jatobá;
extensos manguezais, babaçuais, campos inundados e matas de galeria, uma rica
fauna e flora, com destaque para aves aquáticas e animais ameaçados de extinção
como o peixe-boi marinho.
Agressão e desleixo
O complexo de lagos da Baixada Maranhense constitui uma
região ecológica rica, porém, destruída paulatinamente, pela ganância de
poucos. Pode se transformar no maior deserto do Nordeste. Até o Lago-Açu já não
produz as 15 toneladas diárias de peixe, enquanto o Departamento de Biologia da
UFMA estuda como dar sustentabilidade à Baixada, diante de tanta agressão e
desleixo do poder público. (Blog do Raimundo Borges)
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