sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Viana – o retorno triunfal do “racha buchecha”

Acuadas pela inclemente crise financeira que assola o país, diversas prefeituras cancelaram o apoio logístico costumeiramente oferecido para divertir a população e atrair visitantes aos municípios.

Infelizmente, Viana também entrou nessa lista triste e, este ano não teremos aquele tipo de carnaval que o povo já estava acostumado, com grande estrutura de palco e bandas de outras regiões.

O lado bom dessa questão é que a moda retrô volta a se infiltrar de gaiata no meio do povo e aí sim: teremos um carnaval à moda antiga, com as velhas e boas bandas de sopro e as saudosas marchinhas de outrora. Vai ser um “mamãe eu quero” pra todo lado.
Baile do Confete - Sábado de Carnaval - Sítio de Suely Veloso - MA-014
Baile de Máscaras - Segunda-feira, 8 fev. - Grêmio Cultural
Carnaviana - Cantinho do Gegê - Todos os dias
As principais bandas que vão animar a volta dos carnavais de clubes em Viana são: a velha conhecida, VADIA; CISK SOM e RABO SECO VENENOSA.

Dito isto, vamos relembrar o nascimento do apelido “racha-bucheha”, nome carinhoso dado às bandas de sopro pelos vianenses.

Até a metade dos anos oitenta, o carnaval vianense se situava numa espécie de circuito central. Na Rua Antonio Lopes, onde hoje funciona o Fórum Eleitoral, existia o Alvorada Clube – que recebia um público heterogêneo, sem distinção de raça ou poder aquisitivo. Na paralela, Rua Coronel Campelo, tinha o Cinelândia Clube, que fazia uma folia misturada com banda de metal e som mecânico. Ficava entupido até o gogó. Mais abaixo, na mesma artéria, o Jaguarema se gabava de ser o rei do carnaval. Era ali que os negros e as famílias mais pobres se sentiam mais a vontade para brincar. O clube recebia várias caravanas da Zona Rural durante a folia. Um pouco mais para frente, ao lado da prefeitura, o Grêmio Cultural exibia charme e glamour com grandes bailes frequentados pelas camadas mais abastadas. Enfim, tinha clube para todos os foliões.

Mas, foi no Jaguarema que ocorreu um dos episódios mais pitorescos e lembrados do carnaval vianense. Numa terça-feira de folia, lá pelas tantas da madrugada, depois de dois turnos de sopro, os músicos da banda do Povoado Tocoíra estavam extenuados, loucos pra encerrar a festa. No entanto, os foliões ainda estavam no pique total, parecendo que era só o início do carnaval. Então tocou aquele “tarará, tarará, tarará”, vinheta que anuncia o final do baile.

Nisso, o senhor Manoel Soeiro - que era o presidente do clube -, irrompe no salão e, com o dedo em riste, diante do palco dá um tremendo carão nos músicos.

“ – Não senhor, pode continuar! Nosso contrato não foi esse...
- ...é pra tocar até rachar buchecha”!

Muitos risos, gritos e aplausos.

Então o maestro tocou a vinheta de reinício do baile e, para alegria dos brincantes, a festa foi até de manhã. Aí sim, quem não aguentava mais eram os foliões.

“...Paga o garçom meu amor vamos embora, está na hora, está na hora. Tudo o que é bom dura pouco, passou de três é demais, todo mundo está ficando louco, ninguém aguenta mais...”

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