sábado, 28 de maio de 2016

Viana - Eleições 2016 e o “tempo de murici”

Com a mudança do Governo Federal, novos movimentos políticos e partidários, tanto no cenário nacional quanto nos municípios evidenciam os novas conjunturas eleitorais deste ano, e Viana não foge à regra.

O município, polo da Baixada Maranhense, sempre apresentou eleições acirradíssimas, independente de partidos ou de nomes que se apresentam como opções para ocupar o velho casarão azul da Praça Ozimo de Carvalho.

De fato, os moradores mais antigos sempre utilizam uma expressão que parece peculiar aos vianenses: “Viana não bate palmas para ninguém”! E, é essa a afirmativa que norteia o humor do seu eleitorado, que faz com que todos os pleitos se tornem polarizados à medida que se aproxima o dia da votança.

Faltando dois meses para o final das convenções, cerca de 13 pré-candidatos se apresentaram como opções de disputar a eleição para prefeito. Daí, de reunião em reunião, surgiu o “grupo dos 11” que se constituiria em uma terceira via, à margem do atual prefeito Chico Gomes -  que vai disputar a reeleição -, e de Magrado Barros, segundo colocado na gestão passada.

Mas, o que se observa, pelo mesmo por enquanto, é que esse quadro está se transformando no famoso provérbio, conhecido como “Em tempos de murici, cada um cuida de si.”, que parece uma celebração ao egoísmo, ao rezar que cada indivíduo deve estar voltado apenas para si, sem se preocupar com o próximo.

O Blog Vianensidades faz uma breve análise, a pedido dos seus milhares de leitores, de forma que os internautas e eleitores se atualizem sobre o tabuleiro eleitoral da cidade dos lagos.

O fator máquina municipal

É óbvio que o desenrolar da refrega eleitoral não perpassa o atual poder e o grupo político do ex-deputado estadual e atual gestor vianense, Chico Gomes.
Depois de um ano de 2015 muito difícil, com abalos sísmicos em sua gestão, por conta do agravamento da crise política e econômica que devastaram o Brasil e o governo do PT, Gomes demonstra ter superado a maioria das dificuldades e empreendeu um novo ritmo administrativo, além de uma renovada musculatura política.
Chico Gomes em plena campanha
Os motivos se deve a efetiva participação do seu atual partido, o PDT, com a ascensão do educador e ex-prefeito Marcone Veloso à poderosa Semed – a pasta mais cobiçada do governo, pela visibilidade política e administrativa que o órgão exige.

Em paralelo, Chico Gomes exercitou toda sua experiência de mais de 30 anos de vida pública e atraiu também o PMDB, partido que agora manda no país, nomeando a ex-primeira dama, Maria de Djalma (viúva do ex-prefeito Djalma Campos), na Secretaria de Saúde, até então uma pasta que embora fundamental, não apresentava resultados positivos para a gestão perante a opinião pública. A reboque chegou também um grande contingente de partidários e militantes que fazem muita diferença numa eleição.
Sanados esse dois gargalos e com medidas de impacto, o gestor atualizou a folha de pagamento, cortou gastos e colocou a casa em ordem novamente.

Programa de rádio diário, informando o cidadão
A retomada das obras da Avenida Luis Couto, consentida com a liberação de mais uma parcela de recursos pelo Ministério do Turismo, a operação tapa buracos em vias que estavam sofrendo com a temporada de chuvas, a entrega de unidades habitacionais, inauguração de novas escolas e postos de saúde em povoados, e o sucesso do apoio à agricultura familiar, deram fôlego e reprimiu inúmeras críticas direcionadas à gestão.

Nessa retomada, reconheça-se o apoio do ex-ministro do turismo e atual presidente do poderoso FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, Gastão Vieira; do dep. federal Aloízio Mendes e do dep. estadual, Max Barros, aliados de peso do prefeito Chico Gomes. 


A prefeitura, por meio da comunicação, começa a capitalizar esses feitos por meio de mensagens publicitárias, programas de rádio, novas adesões, principalmente de ex-oposicionistas, e volta a ditar o ritmo das eleições de outubro, com gás renovado, autoestima no grupo e chances reais de vencer.

Abraço de afogados (?)

Na eleição de 2012, quando ostentou poder de fogo - mais financeiro do que eleitoral -, Magrado Barros chegou até a montar um suposto secretariado e comemorar por antecipação a vitória nas urnas. Mas, como diria o controverso Vicente Matheus, “O jogo só termina quando acaba”.

Segundo colocado, Barros não aceitou o resultado e tentou derrubar o atual governo no tapetão. Montou uma espécie de governo paralelo (somente de intenções), se vendeu como vitima, mas a Justiça não lhe deu guarida.

O grupo que o apoiava se desintegrou. O enrolado ex-presidente do Sindicato dos Pescadores, Antônio de Inês, sucumbiu na Operação Peixe Grande da Polícia Civil, do ano passado e, os “pescadores de aquário” que seriam supostos cerca de cinco mil votos afundaram junto com o sindicalista.

O ex-prefeito Danielzinho, que foi um dos esteios da candidatura de Magrado, também abandonou a canoa e agora faz parte do grupo de Chico Gomes.

Sem muitas alternativas, Magrado se aliou ao enrolado “ficha suja” Rilva Luis, ex-prefeito que tenta voltar ao poder agarrado nas saias da mãe, a professora aposentada Lucimar Gonçalves, que, segundo se comenta, será a candidata a vice na sua chapa.

Talvez aí que o bicho pode pegar: a professora era a “prefeita de fato”, enquanto o rebento queridinho se divertia com os milhões da prefeitura, junto com uma corriola em São Luís. Duas correntes antagônicas que suscitam muitas dúvidas e desconfianças do eleitorado.

Magrado Barros, que é irmão do ex-prefeito Batista Luzardo, não tem nenhum benefício prestado ao povo vianense. Sua campanha atual segue o mesmo modus operandi de Rilva, ou seja, pão e circo, torneio de futebol e distribuição de cachaça na Zona Rural, justamente os jovens, principais vitimas do abandono e da falta de políticas públicas nos 16 anos de mandato do grupo apeado do poder em 2012.

Os três hoje posam abraçados, mas, se chegar uma tempestade – principalmente daquelas advindas da Justiça -, e se bater o desespero, o afogado pode abraçar o salva-vidas de uma forma que ele não consiga salvar nem mesmo a si. Ou seja, todos acabam se afogando.

O PSB e suas crises
Carrinho Cidreira, o PSB e Bira como peixe fora d´água
Como estamos tratando do tema em epígrafe “Em tempo de murici...”, citamos mais um candidato, dessa vez, oriundo do “grupo dos 11”: o pessebista Carrinho Cidreira, empresário, ex-vereador, e ex-secretário municipal.

Carrinho lançou a sua candidatura no dia 15/05 (domingo), e tentou, pelos menos no convite, juntar na mesma canoa o ex-governador e deputado federal, Zé Reinaldo Tavares, o prefeito de Timon, Chico Leitoa e o deputado Bira do Pindaré, ambos do PSB, como presenças ilustres no evento. Não deu liga, pois segundo informações, Zé Reinaldo e o sobrinho Marcelo Tavares apoiam Magrado Barros.

Compareceram Chico Leitoa e Bira do Pindaré, o deputado que tentou colocar obstáculos para a viabilização do projeto Diques da Baixada, considerado pelo Fórum em Defesa da Baixada, como a redenção da região. Bira foi duramente criticado e repreendido publicamente pelos membros do Fórum e, também viu minguar a sua tentativa de sair candidato apoiado por Flávio Dino à Prefeitura de São Luís, pois não conseguiu garantir apoio do PSB e passou a ser ignorado nas pesquisas de intenção de votos.

O partido vive uma disputa interna entre o senador Roberto Rocha e o prefeito de Timon, Luciano Leitoa, e tem um pedido de intervenção sendo analisado pela direção nacional.

A crise chegou ao auge na segunda-feira 23, quando o presidente regional Luciano Leitoa destituiu a comissão provisória de São Luís, que tinha Roberto Rocha no comando, e nomeou como novo presidente o deputado federal José Reinaldo Tavares. Menos de 24 horas depois, o comando nacional desfez a decisão de Leitoa, e nomeou o vereador Roberto Rocha Júnior como novo presidente em São Luís. Um fuzuê danado!

Um dos principais pilares da candidatura de Carrinho, segundo se comenta, seria, em tese, o companheiro e fiel aliado de partido, vereador Paulo Jackson, que compareceu ao evento e tem forte atuação na Zona Rural e nos Campos, em Viana. Mas, por outro lado, Jackson faz parte da base alada de Chico Gomes e deixa no ar a dúvida sobre para que lado vai remar.

Apontado como um bom gestor – bem ao seu estilo pessoal -, Carrinho é mais uma opção para corrida eleitoral em Viana.

O fator Palácio dos Leões

Vice prefeito de Viana, Oliveira Júnior
O atual vice-prefeito e ex-secretário de Educação, o advogado Oliveira Júnior, no apagar das lamparinas, se filiou ao PC do B, partido do governador Flávio Dino, e, claro também colocou pela segunda vez o seu nome ao julgamento do eleitorado vianense.

Oliveira é sempre bem avaliado nas pesquisas, mas, a notória falta de um grupo político de peso faz com que sua pretensa candidatura ainda não tenha tanto brilho nesse confuso tabuleiro eleitoral vianense neste ano.

Recentemente, o agora comunista teve a oportunidade de mostrar suas qualidades administrativas na Semed-Viana – uma pasta repleta de problemas e facções de servidores, que se unem mas não se misturam. Oliveira fez um bom trabalho, entretanto, alegando motivos pessoais, entregou o cargo e também debandou do grupo de Chico Gomes.

De qualquer modo, Oliveira que tem bom trânsito em todas as correntes políticas locais, pode angariar muitos apoios, talvez orientados de cima para baixo pelo Palácio dos Leões, afinal, a julgar pelas últimas pesquisas, o governador Flávio Dino e seus principais aliados correm o risco de perder espaços em municípios importantes como São Luís, Imperatriz, Caxias, Timon, Codó, Balsas e Santa Inês.

Restaria então ao governador, talvez como um plano B, ao garantir aliados em cidades que, a julgar pelo tratamento que recebem, tendem a manter postura independente aos acenos dos Leões.

Igualmente, como se observa, nem a ex-governadora Roseana Sarney, o ex-governador Zé Reinaldo e o nem atual Flávio Dino gozam de prestigio na Baixada, pelo fato de ignorarem por completo essa pobre região durante os seus mandatos. O troco pode ser dado agora quando precisarem de votos para os seus escolhidos.

O PT e suas sete cabeças
Cleinado Bil - no peito e na raça
O sindicalista Cleinaldo (Bil) Lopes – presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Estaduais (SINTSEP), é o quinto candidato confirmado a disputar a eleição vianense. Petista de carteirinha, Bil é um dos poucos remanescentes do “PT unido”, que surpreendeu o cenário político estadual em 1996, quando o Dr. Messias Costa (falecido), derrotou a máquina pública do então prefeito Danielzinho, no peito e na raça.

Hoje, o PT vianense é um arremedo de partido político, rachado ideologicamente e, para piorar, no cenário nacional a sigla é acossada por inúmeras denúncias de corrupção que culminou no afastamento temporário da presidente Dilma Roussef.

Atualmente, no terreiro dos guajajaras, da antiga Aldeia Conceição do Maracu, tem petista pra todo gosto: uns com Magrado e Rilva, uns com Chico Gomes, outros com Bil, uns sozinhos e uma boa parte sem rumo.

Cleinaldo Bil admite ser impossível juntar todos eles no mesmo balaio e, portanto, faz uma campanha solo, apoiado pela numerosa colônia vianense em São Luís e amigos do município. O diretório local e os cacique estaduais legitimam a sua candidatura. Mas, diante da execração do partido pela mídia, mais vale o prestígio e o bom relacionamento pessoal que o candidato mantém com os conterrâneos.

Bil já está em plena campanha e, para quem está indeciso ou não simpatiza com nenhuma das outras opções colocadas, acredita que pode surpreender, da mesma forma como obteve uma excelente votação como candidato a deputado em 2014, e pode se constituir em uma nova esperança para todos os vianenses.

O sexto pelotão

Se o leitor está achando pouco, ainda tem mais: tem o major Ferreira, também com boa aceitação nas pesquisas devido ao seu bom trabalho a frente da 13ª Cia Independente da PM de Viana, que ainda que não apresentou um grupo para chamar de seu, mas, é quase uma unanimidade para compor qualquer uma das chapas acima como vice, claro, se a vaidade permitir e os grupos aceitarem; o técnico judiciário e ativista, Nonato Moraes; Lênin Costa (filho de Messias Costa), que hora diz que é, outra diz que não; o empresário e produtor cultural, Armando Silva; o vereador Luzardo Segundo que, ao que se constata, joga para a plateia, mas está mesmo é com o tio Magrado; Júlio Mendonça, o Dr. Julinho, presidente da Agerp-MA; e Marrudo, representante da massa regueira.

O décimo primeiro integrante, ou ex-integrante do “grupo dos 11” o ex-prefeito Benito Filho, jogou a toalha momentaneamente e diz que tem outros planos empresariais, porém, sem se desligar da cena política vianense. Benito atualmente comanda a Rádio Maracu AM de Viana e, em breve estará implantando uma afiliada de TV com o mesmo nome, cuja matriz nacional ainda não foi divulgada.

Este é o cenário atual. À medida que se aproxima a data limite para as convenções, tudo pode mudar. Vaca não conhece bezerro, irmão desconhece irmão, amigos viram inimigos, mas tudo pode voltar ao normal depois das eleições, desde que as questiúnculas pessoais não se sobreponham às conveniências políticas, pois o que está em jogo são o futuro, o progresso e o desenvolvimento de Viana, afinal, o tempo de murici passa, as amizades e o bem estar da cidade e dos seus cidadãos devem permanecer como responsabilidade dos homens e mulheres de boa vontade.

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