Com a mudança do Governo Federal, novos movimentos políticos
e partidários, tanto no cenário nacional quanto nos municípios evidenciam os novas
conjunturas eleitorais deste ano, e Viana não foge à regra.
O município, polo da Baixada Maranhense, sempre apresentou
eleições acirradíssimas, independente de partidos ou de nomes que se apresentam
como opções para ocupar o velho casarão azul da Praça Ozimo de Carvalho.
De fato, os moradores mais antigos sempre utilizam uma
expressão que parece peculiar aos vianenses: “Viana não bate palmas para
ninguém”! E, é essa a afirmativa que norteia o humor do seu eleitorado, que faz
com que todos os pleitos se tornem polarizados à medida que se aproxima o dia
da votança.
Faltando dois meses para o final das convenções, cerca de 13
pré-candidatos se apresentaram como opções de disputar a eleição para prefeito.
Daí, de reunião em reunião, surgiu o “grupo dos 11” que se constituiria em uma
terceira via, à margem do atual prefeito Chico Gomes - que vai disputar a reeleição -, e de Magrado
Barros, segundo colocado na gestão passada.
Mas, o que se observa, pelo mesmo por enquanto, é que esse
quadro está se transformando no famoso provérbio, conhecido como “Em tempos de
murici, cada um cuida de si.”, que parece uma celebração ao egoísmo, ao rezar
que cada indivíduo deve estar voltado apenas para si, sem se preocupar com o
próximo.
O Blog Vianensidades
faz uma breve análise, a pedido dos seus milhares de leitores, de forma que os internautas e eleitores se atualizem sobre o tabuleiro eleitoral da
cidade dos lagos.
O fator máquina
municipal
É óbvio que o desenrolar da refrega eleitoral não perpassa o
atual poder e o grupo político do ex-deputado estadual e atual gestor vianense,
Chico Gomes.
Depois de um ano de 2015 muito difícil, com abalos sísmicos
em sua gestão, por conta do agravamento da crise política e econômica que
devastaram o Brasil e o governo do PT, Gomes demonstra ter superado a maioria
das dificuldades e empreendeu um novo ritmo administrativo, além de uma
renovada musculatura política.
Chico Gomes em plena campanha |
Os motivos se deve a efetiva participação do seu atual partido,
o PDT, com a ascensão do educador e ex-prefeito Marcone Veloso à poderosa Semed
– a pasta mais cobiçada do governo, pela visibilidade política e administrativa
que o órgão exige.
Em paralelo, Chico Gomes exercitou toda sua experiência de
mais de 30 anos de vida pública e atraiu também o PMDB, partido que agora manda
no país, nomeando a ex-primeira dama, Maria de Djalma (viúva do ex-prefeito
Djalma Campos), na Secretaria de Saúde, até então uma pasta que embora
fundamental, não apresentava resultados positivos para a gestão perante a
opinião pública. A reboque chegou também um grande contingente de partidários e
militantes que fazem muita diferença numa eleição.
Sanados esse dois gargalos e com medidas de impacto, o
gestor atualizou a folha de pagamento, cortou gastos e colocou a casa em ordem
novamente.
Programa de rádio diário, informando o cidadão |
A retomada das obras da Avenida Luis Couto, consentida com a
liberação de mais uma parcela de recursos pelo Ministério do Turismo, a operação
tapa buracos em vias que estavam sofrendo com a temporada de chuvas, a entrega
de unidades habitacionais, inauguração de novas escolas e postos de saúde em
povoados, e o sucesso do apoio à agricultura familiar, deram fôlego e reprimiu
inúmeras críticas direcionadas à gestão.
Nessa retomada, reconheça-se o apoio do ex-ministro do turismo e atual presidente do poderoso FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, Gastão Vieira; do dep. federal Aloízio Mendes e do dep. estadual, Max Barros, aliados de peso do prefeito Chico Gomes.
A prefeitura, por meio da comunicação, começa a capitalizar esses feitos por meio de mensagens publicitárias, programas de rádio, novas adesões, principalmente de ex-oposicionistas, e volta a ditar o ritmo das eleições de outubro, com gás renovado, autoestima no grupo e chances reais de vencer.
Abraço de afogados
(?)
Na eleição de 2012, quando ostentou poder de fogo - mais
financeiro do que eleitoral -, Magrado Barros chegou até a montar um suposto
secretariado e comemorar por antecipação a vitória nas urnas. Mas, como diria o
controverso Vicente Matheus, “O jogo só termina quando acaba”.
Segundo colocado, Barros não aceitou o resultado e tentou
derrubar o atual governo no tapetão. Montou uma espécie de governo paralelo
(somente de intenções), se vendeu como vitima, mas a Justiça não lhe deu
guarida.
O grupo que o apoiava se desintegrou. O enrolado
ex-presidente do Sindicato dos Pescadores, Antônio de Inês, sucumbiu na
Operação Peixe Grande da Polícia Civil, do ano passado e, os “pescadores de
aquário” que seriam supostos cerca de cinco mil votos afundaram junto com o
sindicalista.
O ex-prefeito Danielzinho, que foi um dos esteios da
candidatura de Magrado, também abandonou a canoa e agora faz parte do grupo de
Chico Gomes.
Sem muitas alternativas, Magrado se aliou ao enrolado “ficha
suja” Rilva Luis, ex-prefeito que tenta voltar ao poder agarrado nas saias da
mãe, a professora aposentada Lucimar Gonçalves, que, segundo se comenta, será a
candidata a vice na sua chapa.
Talvez aí que o bicho pode pegar: a professora era a “prefeita
de fato”, enquanto o rebento queridinho se divertia com os milhões da
prefeitura, junto com uma corriola em São Luís. Duas correntes antagônicas que
suscitam muitas dúvidas e desconfianças do eleitorado.
Magrado Barros, que é irmão do ex-prefeito Batista Luzardo, não
tem nenhum benefício prestado ao povo vianense. Sua campanha atual segue o mesmo
modus operandi de Rilva, ou seja, pão
e circo, torneio de futebol e distribuição de cachaça na Zona Rural,
justamente os jovens, principais vitimas do abandono e da falta de políticas
públicas nos 16 anos de mandato do grupo apeado do poder em 2012.
Os três hoje posam abraçados, mas, se chegar uma tempestade –
principalmente daquelas advindas da Justiça -, e se bater o desespero, o afogado
pode abraçar o salva-vidas de uma forma que ele não consiga salvar nem mesmo a
si. Ou seja, todos acabam se afogando.
O PSB e suas crises
Carrinho Cidreira, o PSB e Bira como peixe fora d´água |
Como estamos tratando do tema em epígrafe “Em tempo de
murici...”, citamos mais um candidato, dessa vez, oriundo do “grupo dos 11”: o
pessebista Carrinho Cidreira, empresário, ex-vereador, e ex-secretário
municipal.
Carrinho lançou a sua candidatura no dia 15/05 (domingo), e
tentou, pelos menos no convite, juntar na mesma canoa o ex-governador e deputado
federal, Zé Reinaldo Tavares, o prefeito de Timon, Chico Leitoa e o deputado Bira do Pindaré, ambos do PSB, como
presenças ilustres no evento. Não deu liga, pois segundo informações, Zé Reinaldo e o sobrinho Marcelo Tavares apoiam Magrado Barros.
Compareceram Chico Leitoa e Bira do Pindaré, o deputado que
tentou colocar obstáculos para a viabilização do projeto Diques da Baixada, considerado
pelo Fórum em Defesa da Baixada, como a redenção da região. Bira foi duramente
criticado e repreendido publicamente pelos membros do Fórum e, também viu
minguar a sua tentativa de sair candidato apoiado por Flávio Dino à Prefeitura
de São Luís, pois não conseguiu garantir apoio do PSB e passou a ser
ignorado nas pesquisas de intenção de votos.
O partido vive uma disputa interna entre o senador Roberto
Rocha e o prefeito de Timon, Luciano Leitoa, e tem um pedido de intervenção
sendo analisado pela direção nacional.
A crise chegou ao auge na segunda-feira 23, quando o
presidente regional Luciano Leitoa destituiu a comissão provisória de São Luís,
que tinha Roberto Rocha no comando, e nomeou como novo presidente o deputado
federal José Reinaldo Tavares. Menos de 24 horas depois, o comando nacional
desfez a decisão de Leitoa, e nomeou o vereador Roberto Rocha Júnior como novo
presidente em São Luís. Um fuzuê danado!
Um dos principais pilares da candidatura de Carrinho,
segundo se comenta, seria, em tese, o companheiro e fiel aliado de partido, vereador
Paulo Jackson, que compareceu ao evento e tem forte atuação na Zona Rural e nos
Campos, em Viana. Mas, por outro lado, Jackson faz parte da base alada de Chico
Gomes e deixa no ar a dúvida sobre para que lado vai remar.
Apontado como um bom gestor – bem ao seu estilo pessoal -,
Carrinho é mais uma opção para corrida eleitoral em Viana.
O fator Palácio dos
Leões
Vice prefeito de Viana, Oliveira Júnior |
O atual vice-prefeito e ex-secretário de Educação, o
advogado Oliveira Júnior, no apagar das lamparinas, se filiou ao PC do B,
partido do governador Flávio Dino, e, claro também colocou pela segunda vez o
seu nome ao julgamento do eleitorado vianense.
Oliveira é sempre bem avaliado nas pesquisas, mas, a notória
falta de um grupo político de peso faz com que sua pretensa candidatura ainda
não tenha tanto brilho nesse confuso tabuleiro eleitoral vianense neste ano.
Recentemente, o agora comunista teve a oportunidade de
mostrar suas qualidades administrativas na Semed-Viana – uma pasta repleta
de problemas e facções de servidores, que se unem mas não se misturam.
Oliveira fez um bom trabalho, entretanto, alegando motivos pessoais, entregou o
cargo e também debandou do grupo de Chico Gomes.
De qualquer modo, Oliveira que tem bom trânsito em todas as
correntes políticas locais, pode angariar muitos apoios, talvez orientados de
cima para baixo pelo Palácio dos Leões, afinal, a julgar pelas últimas
pesquisas, o governador Flávio Dino e seus principais aliados correm o risco de
perder espaços em municípios importantes como São Luís, Imperatriz, Caxias, Timon,
Codó, Balsas e Santa Inês.
Restaria então ao governador, talvez como um plano B, ao garantir aliados em cidades que, a julgar pelo tratamento que recebem, tendem a manter postura independente aos acenos dos Leões.
Igualmente, como se observa, nem a ex-governadora Roseana
Sarney, o ex-governador Zé Reinaldo e o nem atual Flávio Dino gozam de
prestigio na Baixada, pelo fato de ignorarem por completo essa pobre região
durante os seus mandatos. O troco pode ser dado agora quando precisarem de
votos para os seus escolhidos.
O PT e suas sete cabeças
Cleinado Bil - no peito e na raça |
O sindicalista Cleinaldo (Bil) Lopes – presidente do
Sindicato dos Servidores Públicos Estaduais (SINTSEP), é o quinto candidato
confirmado a disputar a eleição vianense. Petista de carteirinha, Bil é um dos
poucos remanescentes do “PT unido”, que surpreendeu o cenário político
estadual em 1996, quando o Dr. Messias Costa (falecido), derrotou a máquina
pública do então prefeito Danielzinho, no peito e na raça.
Hoje, o PT vianense é um arremedo de partido político,
rachado ideologicamente e, para piorar, no cenário nacional a sigla é acossada
por inúmeras denúncias de corrupção que culminou no afastamento temporário da
presidente Dilma Roussef.
Atualmente, no terreiro dos guajajaras, da antiga Aldeia Conceição
do Maracu, tem petista pra todo gosto: uns com Magrado e Rilva, uns com Chico Gomes,
outros com Bil, uns sozinhos e uma boa parte sem rumo.
Cleinaldo
Bil admite ser impossível juntar todos eles no mesmo balaio e, portanto, faz
uma campanha solo, apoiado pela numerosa colônia vianense em São Luís e amigos
do município. O diretório local e os cacique estaduais legitimam a sua
candidatura. Mas, diante da execração do partido pela mídia, mais vale o
prestígio e o bom relacionamento pessoal que o candidato mantém com os
conterrâneos.
Bil já
está em plena campanha e, para quem está indeciso ou não simpatiza com nenhuma
das outras opções colocadas, acredita que pode surpreender, da mesma forma como
obteve uma excelente votação como candidato a deputado em 2014, e pode se
constituir em uma nova esperança para todos os vianenses.
O sexto pelotão
Se o
leitor está achando pouco, ainda tem mais: tem o major Ferreira, também com boa
aceitação nas pesquisas devido ao seu bom trabalho a frente da 13ª Cia
Independente da PM de Viana, que ainda que não apresentou um grupo para chamar
de seu, mas, é quase uma unanimidade para compor qualquer uma das chapas acima
como vice, claro, se a vaidade permitir e os grupos aceitarem; o técnico
judiciário e ativista, Nonato Moraes; Lênin Costa (filho de Messias Costa), que
hora diz que é, outra diz que não; o empresário e produtor cultural, Armando
Silva; o vereador Luzardo Segundo que, ao que se constata, joga para a plateia, mas
está mesmo é com o tio Magrado; Júlio Mendonça, o Dr. Julinho, presidente da
Agerp-MA; e Marrudo, representante da massa regueira.
O décimo primeiro integrante, ou ex-integrante do “grupo dos 11” o ex-prefeito Benito
Filho, jogou a toalha momentaneamente e diz que tem outros planos empresariais,
porém, sem se desligar da cena política vianense. Benito atualmente comanda a
Rádio Maracu AM de Viana e, em breve estará implantando uma afiliada de TV com
o mesmo nome, cuja matriz nacional ainda não foi divulgada.
Este é
o cenário atual. À medida que se aproxima a data limite para as convenções,
tudo pode mudar. Vaca não conhece bezerro, irmão desconhece irmão, amigos viram
inimigos, mas tudo pode voltar ao normal depois das eleições, desde que as questiúnculas
pessoais não se sobreponham às conveniências políticas, pois o que está em jogo
são o futuro, o progresso e o desenvolvimento de Viana, afinal, o tempo de murici
passa, as amizades e o bem estar da cidade e dos seus cidadãos devem permanecer como
responsabilidade dos homens e mulheres de boa vontade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário