quinta-feira, 19 de maio de 2016

"Honre as calças que você veste”, diz deputado para Waldir Maranhão

Maranhão havia presidido a sessão de debates do dia anterior, mas acabou a encerrando sob gritos de "fora, fora, fora", puxados por DEM e PSDB, que querem novas eleições para o comando da Câmara.

Folha de São Paulo

Na primeira sessão de votação após o afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara dos Deputados, o interino Waldir Maranhão (PP-MA) terceirizou o comando do plenário a outro deputado e acabou sendo novamente alvo de ataques.

O até então aliado Silvio Costa (PT do B-PE) cobrou, na tribuna, a sua presença: “Honre as calças que você veste!”

Maranhão havia presidido a sessão de debates do dia anterior, mas acabou a encerrando sob gritos de “fora, fora, fora”, puxados por DEM e PSDB, que querem novas eleições para o comando da Câmara.

Considerado por adversários e aliados como uma pessoa fraca política e administrativamente, que não conseguiria comandar uma sessão importante de votação, Maranhão fechou acordo com o “centrão” para terceirizar a presidência da Casa, nas votações, ao segundo-vice, Giacobo (PR-PR).

Em troca, esses partidos (PP, PR, PTB, PSD, entre outros) apoiariam sua manutenção no cargo. Cunha também apoia a continuidade de Maranhão, que ficaria como uma espécie de “rainha da Inglaterra”, com o título, mas sem o poder.

“Se você não vier a essa sessão você vai ser desmoralizado, Maranhão. Você me prometeu que não iria fugir. Honre as calças que você veste”, discursou Sílvio Costa, segundo quem Maranhão lhe prometera exercer o comando da Câmara em sua integralidade.

“Fiquei vigiando esse sujeito o dia inteiro. Na hora que bobeei e fui tomar um café, pronto, ele desapareceu.”

A assessoria de imprensa da presidência da Câmara afirmou que Maranhão se ausentou da Câmara para um compromisso reservado.

Desde o afastamento de Cunha pelo Supremo Tribunal Federal, no dia 5, Maranhão, que é o primeiro vice, tem patrocinado uma interinidade conturbada. Logo no início assinou uma decisão anulando a votação do impeachment de Dilma Rousseff. Recuou menos de 24 horas depois.

Cobrado diariamente a renunciar, ele se nega a deixar a interinidade, mas acabou fechando o acordo da terceirização do comando das sessões.

Maranhão também quase sempre se recusa a responder perguntas de jornalistas. Nunca deu uma entrevista coletiva desde que assumiu.

Deputados de vários partidos acusam Cunha de estar por trás da permanência de Maranhão, continuando a governar a Casa por meio de um preposto. O peemedebista foi afastado pelo STF sob o argumento de que estava usando o cargo e o mandato para prejudicar as investigações da Lava Jato e o seu processo de cassação no Conselho de Ética.


Líderes do DEM, PSDB e PPS começaram nesta quarta-feira a recolher assinaturas para que o plenário da Câmara declare vaga a presidência da Câmara e realize nova eleição em um prazo de cinco sessões. É preciso o apoio de pelo menos 257 dos 513 deputados.

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