Maranhão havia presidido a sessão de debates do dia
anterior, mas acabou a encerrando sob gritos de "fora, fora, fora",
puxados por DEM e PSDB, que querem novas eleições para o comando da Câmara.
Folha de São Paulo
Na primeira sessão de votação após o afastamento de Eduardo
Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara dos Deputados, o interino Waldir
Maranhão (PP-MA) terceirizou o comando do plenário a outro deputado e acabou
sendo novamente alvo de ataques.
O até então aliado Silvio Costa (PT do B-PE) cobrou, na
tribuna, a sua presença: “Honre as calças que você veste!”
Maranhão havia presidido a sessão de debates do dia
anterior, mas acabou a encerrando sob gritos de “fora, fora, fora”, puxados por
DEM e PSDB, que querem novas eleições para o comando da Câmara.
Considerado por adversários e aliados como uma pessoa fraca
política e administrativamente, que não conseguiria comandar uma sessão
importante de votação, Maranhão fechou acordo com o “centrão” para terceirizar
a presidência da Casa, nas votações, ao segundo-vice, Giacobo (PR-PR).
Em troca, esses partidos (PP, PR, PTB, PSD, entre outros)
apoiariam sua manutenção no cargo. Cunha também apoia a continuidade de
Maranhão, que ficaria como uma espécie de “rainha da Inglaterra”, com o título,
mas sem o poder.
“Se você não vier a essa sessão você vai ser desmoralizado,
Maranhão. Você me prometeu que não iria fugir. Honre as calças que você veste”,
discursou Sílvio Costa, segundo quem Maranhão lhe prometera exercer o comando
da Câmara em sua integralidade.
“Fiquei vigiando esse sujeito o dia inteiro. Na hora que
bobeei e fui tomar um café, pronto, ele desapareceu.”
A assessoria de imprensa da presidência da Câmara afirmou
que Maranhão se ausentou da Câmara para um compromisso reservado.
Desde o afastamento de Cunha pelo Supremo Tribunal Federal,
no dia 5, Maranhão, que é o primeiro vice, tem patrocinado uma interinidade
conturbada. Logo no início assinou uma decisão anulando a votação do
impeachment de Dilma Rousseff. Recuou menos de 24 horas depois.
Cobrado diariamente a renunciar, ele se nega a deixar a
interinidade, mas acabou fechando o acordo da terceirização do comando das
sessões.
Maranhão também quase sempre se recusa a responder perguntas
de jornalistas. Nunca deu uma entrevista coletiva desde que assumiu.
Deputados de vários partidos acusam Cunha de estar por trás
da permanência de Maranhão, continuando a governar a Casa por meio de um
preposto. O peemedebista foi afastado pelo STF sob o argumento de que estava
usando o cargo e o mandato para prejudicar as investigações da Lava Jato e o
seu processo de cassação no Conselho de Ética.
Líderes do DEM, PSDB e PPS começaram nesta quarta-feira a
recolher assinaturas para que o plenário da Câmara declare vaga a presidência
da Câmara e realize nova eleição em um prazo de cinco sessões. É preciso o
apoio de pelo menos 257 dos 513 deputados.
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