A candidata à Presidência da República Dilma Rousseff
durante a caminhada em Uberaba
Talita Abrantes Talita Abrantes, de EXAME.
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São Paulo – Quando a campanha eleitoral começou oficialmente
em julho, Dilma Rousseff (PT) sabia que teria uma missão difícil pela frente. O
titubeio da economia e o sentimento de mudança oriundo das manifestações de
2013 já assombravam sua corrida pela reeleição – tanto que a presidente adiou
ao máximo a campanha nas ruas.
O que ninguém pôde prever, evidentemente, foi que em um
trágico 13 de agosto, Eduardo Campos, então terceiro colocado nas pesquisas de
intenção de voto, seria vítima da queda de um avião.
A morte do ex-governador de Pernambuco não só embaralhou o
cenário eleitoral como transformou a eleição 2014 na disputa mais imprevisível
da História do Brasil desde a redemocratização.
“Nesta eleição, Dilma começa como franca favorita. Depois,
Marina Silva era a favorita. E, finalmente, um terceiro momento em que Aécio
Neves desponta como favorito. Nunca houve uma eleição assim”, afirma o
sociólogo Antonio Lavareda, autor do livro “Emoções Ocultas e Estratégias
Eleitorais” (Editora Objetiva) e presidente do conselho do Instituto de
Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe).
No começo do segundo turno, o candidato do PSDB aparecia
dois pontos à frente de Dilma. Na segunda, a corrida presidencial ganhou mais
uma inversão inédita nas pesquisas: Dilma aparecia com uma ligeira vantagem
sobre Aécio – apesar do empate técnico.
O cenário pode mudar nas próximas horas. De acordo com a
coluna do Lauro Jardim, de Veja, a petista deve ultrapassar o limite da margem
de erro e sair do empate técnico na pesquisa Ibope que será divulgada hoje.
O fato é que, faltando quatro dias para a votação, a disputa
será voto a voto. Segundo Lavareda, ganha quem tiver a menor taxa de rejeição.
No início do segundo turno, este era o trunfo de Aécio Neves que pontuava 34%
neste quesito contra 43% de Dilma.
De acordo com a pesquisa do Datafolha divulgada ontem (22),
a lógica se inverteu: 41% dos eleitores entrevistados afirmam que jamais
votariam no tucano contra 39% que rejeitam a petista.
Para o especialista, a propaganda da petista teve um peso
fundamental para esta inversão. "O marketing de Dilma está convencendo uma
parcela expressiva [da população] de que ela representa mais mudanças do que o
candidato Aécio", afirmou o especialista.
Confira trechos das entrevistas que Lavareda concedeu a
EXAME.com no dia 14 de outubro e nesta quinta-feira, 23 de outubro.
EXAME - O que explica a virada de Dilma nas pesquisas no
segundo turno?
Antonio Lavareda - Todas as informações que chegam aos
eleitores são transmitidas através de três eixos. O primeiro deles é a
imprensa, o segundo é a propaganda eleitoral e o terceiro são os debates. Ao
que parece, até agora, o marketing da presidente Dilma está vencendo a batalha
da propaganda eleitoral.
EXAME - Então, qual o elemento da propaganda de Dilma que funcionou?
EXAME - A melhora na percepção do brasileiro sobre a economia,
segundo o último Datafolha, também é um trunfo para Dilma?
Antonio Lavareda - Não. Ambos candidatos estão manifestando um prognóstico
otimista para a economia do país a partir da sua posse ou da continuidade, no
caso da Dilma. Você tem uma soma de otimismos.
Os eleitores de Aécio estão dizendo que, no próximo
governo, a economia vai melhorar porque
supõem que ele vai governar. Os eleitores da Dilma supõem que a economia vai
melhorar porque acham que ela vai continuar governando.
EXAME - Qual foi o papel dos três últimos debates para estes
resultados?
Os debates, até agora, têm sido importantes, mas, com
certeza, não decisivos. Por exemplo, no último debate da Record, o candidato
Aécio teria sido vitorioso [segundo o Datafolha]. Mas a mesma pesquisa também
aponta que a presidente Dilma ultrapassou numericamente nas intenções de voto. Continue lendo aqui.
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