sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Até agora, marketing de Dilma está vencendo, diz Lavareda


A candidata à Presidência da República Dilma Rousseff durante a caminhada em Uberaba
Talita Abrantes Talita Abrantes, de EXAME.
São Paulo – Quando a campanha eleitoral começou oficialmente em julho, Dilma Rousseff (PT) sabia que teria uma missão difícil pela frente. O titubeio da economia e o sentimento de mudança oriundo das manifestações de 2013 já assombravam sua corrida pela reeleição – tanto que a presidente adiou ao máximo a campanha nas ruas.

O que ninguém pôde prever, evidentemente, foi que em um trágico 13 de agosto, Eduardo Campos, então terceiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, seria vítima da queda de um avião.

A morte do ex-governador de Pernambuco não só embaralhou o cenário eleitoral como transformou a eleição 2014 na disputa mais imprevisível da História do Brasil desde a redemocratização.

“Nesta eleição, Dilma começa como franca favorita. Depois, Marina Silva era a favorita. E, finalmente, um terceiro momento em que Aécio Neves desponta como favorito. Nunca houve uma eleição assim”, afirma o sociólogo Antonio Lavareda, autor do livro “Emoções Ocultas e Estratégias Eleitorais” (Editora Objetiva) e presidente do conselho do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe).

No começo do segundo turno, o candidato do PSDB aparecia dois pontos à frente de Dilma. Na segunda, a corrida presidencial ganhou mais uma inversão inédita nas pesquisas: Dilma aparecia com uma ligeira vantagem sobre Aécio – apesar do empate técnico.

O cenário pode mudar nas próximas horas. De acordo com a coluna do Lauro Jardim, de Veja, a petista deve ultrapassar o limite da margem de erro e sair do empate técnico na pesquisa Ibope que será divulgada hoje.

O fato é que, faltando quatro dias para a votação, a disputa será voto a voto. Segundo Lavareda, ganha quem tiver a menor taxa de rejeição. No início do segundo turno, este era o trunfo de Aécio Neves que pontuava 34% neste quesito contra 43% de Dilma.

De acordo com a pesquisa do Datafolha divulgada ontem (22), a lógica se inverteu: 41% dos eleitores entrevistados afirmam que jamais votariam no tucano contra 39% que rejeitam a petista.

Para o especialista, a propaganda da petista teve um peso fundamental para esta inversão. "O marketing de Dilma está convencendo uma parcela expressiva [da população] de que ela representa mais mudanças do que o candidato Aécio", afirmou o especialista.

Confira trechos das entrevistas que Lavareda concedeu a EXAME.com no dia 14 de outubro e nesta quinta-feira, 23 de outubro.

EXAME - O que explica a virada de Dilma nas pesquisas no segundo turno?

Antonio Lavareda - Todas as informações que chegam aos eleitores são transmitidas através de três eixos. O primeiro deles é a imprensa, o segundo é a propaganda eleitoral e o terceiro são os debates. Ao que parece, até agora, o marketing da presidente Dilma está vencendo a batalha da propaganda eleitoral.

EXAME -  Então, qual o elemento da propaganda de Dilma que funcionou?

Antonio Lavareda - Em um país onde 73% da população reclama mudança, o marketing de Dilma está convencendo uma parcela expressiva de que ela representa mais mudanças do que o candidato Aécio.

EXAME - A melhora na percepção do brasileiro sobre a economia, segundo o último Datafolha, também é um trunfo para Dilma?

Antonio Lavareda - Não. Ambos candidatos estão manifestando um prognóstico otimista para a economia do país a partir da sua posse ou da continuidade, no caso da Dilma. Você tem uma soma de otimismos.

Os eleitores de Aécio estão dizendo que, no próximo governo,  a economia vai melhorar porque supõem que ele vai governar. Os eleitores da Dilma supõem que a economia vai melhorar porque acham que ela vai continuar governando.

EXAME - Qual foi o papel dos três últimos debates para estes resultados?

Os debates, até agora, têm sido importantes, mas, com certeza, não decisivos. Por exemplo, no último debate da Record, o candidato Aécio teria sido vitorioso [segundo o Datafolha]. Mas a mesma pesquisa também aponta que a presidente Dilma ultrapassou numericamente nas intenções de voto. Continue lendo aqui.

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